Importante trabalho de monitoramento de baleias e golfinhos é realizado no Rio de Janeiro
fevereiro, 22 2017
O projeto Baleias & Golfinhos do Rio de Janeiro realizou mais de 20 saídas de campo nos últimos 6 meses
Parceria do Programa Marinho do WWF-Brasil com o Instituto Mar Adentro, as saídas compõe o projeto de Monitoramento e Levantamento de Cetáceos do Monumento Natural do Arquipélago das Ilhas Cagarras (RJ) e de suas áreas adjacentes, que também conta com o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica. O objetivo é coletar dados para a criação de medidas de conservação e gestão de cetáceos (baleias e golfinhos).As saídas de campo do último semestre tornaram possível a identificação de 13 novos golfinho-de-dentes-rugosos através de marcas naturais na nadadeira dorsal (um tipo de “impressão digital” do animal), subindo para 75 o número de indivíduos catalogados desde 2011. No arquipélago das Cagarras e na ilha Redonda, oito golfinhos-flíper previamente identificados em outros anos também foram reavistados.
Algumas observações, porém, geram preocupação para os pesquisadores, como a ausência de baleias-de-bryde (Balaenoptera edeni) normalmente típicas na região no verão.
Outro exemplo são os filhotes de golfinhos-flíper, que apareciam com grande frequência entre 2004 e 2010 e depois só foram reavistados uma vez em julho de 2015 e outra em agosto de 2016. Estas informações mostram um momento delicado para a Unidade de Conservação, que exige cuidados redobrados uma vez que os golfinhos-flíper estão reocupando o arquipélago, após cinco anos de ausência.
As espécies observadas durante as saídas de campo têm grande importância ecológica. A presença delas no local indica que os ecossistemas ao redor do MoNa Cagarras estão equilibrados, ajudando a consolidar a Unidade de Conservação de proteção integral criada em abril de 2010 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Golfinho encalhado
Durante o período das expedições, a população da praia de Itacoatiara, em Niterói (RJ), encontrou um jovem golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala electra) encalhado vivo. O resgate foi realizado com sucesso pelas próprias pessoas no local, apesar de o animal ter sido deslocado de forma imprópria (puxado pela nadadeira caudal).
Esta espécie possui hábitos oceânicos e os registros no estado do Rio de Janeiro são escassos. Por isso, foi feito um monitoramento posterior para confirmar o resgate bem-sucedido, que foi positivo. Além disso, foi divulgado para o público como socorrer corretamente golfinhos no caso de encalhes de exemplares vivos.
Como ajudar
O público pode ajudar o projeto na identificação dos animais através do grupo do Facebook: Onde estão as Baleias e os Golfinhos?
Já com cerca de 5 mil membros, ele é organizado pela coordenadora do projeto Baleias & Golfinhos do RJ, Liliane Lodi, que convida a todos que avistarem golfinhos, botos ou baleias nos mares do Rio de Janeiro a compartilhem suas fotos e vídeos informando data, local, hora e número de animais.
A página de ciência cidadã, criada em 2013, já obteve mais de 180 registros de cetáceos em águas cariocas, entre baleias-de-bryde, baleias-jubarte, baleias-franca-austral, golfinhos-de-dentes-rugosos, golfinhos-flíper, golfinhos-comum, botos-cinza e orcas. As informações auxiliam os pesquisadores a elaborar o mapeamento da biodiversidade e distribuição de cetáceos na cidade do Rio de Janeiro.
“Como os golfinhos e baleias são animais de grande mobilidade e que ocorrem em extensas áreas de vida, é fundamental que todos ajudem no trabalho de mapeamento desses animais, pois pesquisadores não têm olhos em todos os lugares”, comenta Liliane.
Quem quiser participar, basta solicitar para entrar no grupo e começar a gravar e fotografar os animais. Participe! Os animais avistados também aparecem no perfil do projeto no Instagram.