Dois projetos de MDL são selecionados para receber apoio do Gold Standard

08 dezembro 2006

Empresários da área de energia participaram do primeiro workshop sobre certificação Gold Standard em projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil.
Empresários da área de energia renovável não-convencional e eficiência energética se reuniram nos dias 7 e 8 de dezembro, na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, para participar do primeiro workshop sobre como obter a certificação Gold Standard em projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil. O evento reuniu cerca de 60 pessoas.

No Brasil, ainda não há projetos certificados que tenham o selo MDL, mas nesta sexta-feira foram selecionados dois projetos para aplicar a metodologia com o apoio da empresa de consultoria IT Power. Um deles é de geração de energia por meio de biomassa para comunidades locais no Pará e outro é de geração de energia por meio de captação de metano numa fazenda de gado de corte no Rio Grande do Sul.

No primeiro dia de workshop organizado pelo WWF-Brasil, represtnantes da ONG, do IT Power, da Fundação Gold Standard e do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV-CES) explicaram o que é o selo, como obtê-lo durante o processo de certificação de MDL e quais os objetivos da divulgação do assunto no Brasil.

“É preciso mostrar que os projetos de MDL brasileiros podem ter um forte componente de desenvolvimento sustentável e não só de redução nas emissões de gases de efeito estufa”, explica Karen Suassuna, técnica em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil. “O selo Gold Stantdard é uma garantia de que há este diferencial”, completa.

O Gold Standard pode ser aplicado somente em projetos de energia renovável não-convencional e eficiência energética. Apesar de a matriz energética brasileira ser considerada limpa, o país precisa gerar mais energia para crescer. “Por isso, é importante começar a pensar agora nas questões de eficiência energética e utilizar fontes diversificadas de energias renováveis não-convencionais para que o Brasil cresça de maneira sustentável”, explica Manuel Fuentes, representante do IT Power.

Para o engenheiro químico Jorge Alberto Scotta, da Biocarbon Gestão Ambiental, o selo é vantajoso porque, além de agregar valor ao projeto de MDL garante que as questões ambientais estão sendo respeitadas. “Quando meus filhos souberam disso, eles ficaram muito felizes em pensar que o pai deles está ganhando dinheiro ao ajudar o planeta.” Scotta participou dos dois dias do evento e apresentou o projeto selecionado de captação de metano em fazenda de criação de gado.

Segundo o consultor Shigeo Watanabe Junior, o mercado de carbono deve gerar, no mundo, US$ 10 bilhões só em 2007. “Ainda é um mercado em crescimento que deve aumentar depois de 2008, quando for aprovada a segunda parte do Protocolo de Quioto”, explica. Para ele, o Gold Standard é importante ao aumentar o valor financeiro do projeto e diminuir o risco com o investidor. “Com certeza, irei aplicar a metodologia aos meus projetos em certificação”, acrescenta.

No segundo dia do evento, os consultores do IT Power e do Gold Standard identificaram 17 projetos brasileiros com potencial de receber a certificação. Eles agora devem fazer o passo-a-passo explicado durante o workshop e submeter normalmente os projetos às validadoras.

MDL e o Protocolo de Quioto

O objetivo principal dos projetos de MDL é reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. Mas, para compreender melhor o que isso significa é preciso voltar ao ano de 1997, quando a comunidade internacional fechou um acordo para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, o Protocolo de Quioto. Neste mecanismo da Convenção do Clima, os países desenvolvidos têm até 2012 para reduzir suas emissões em 5,2% tomando como base o ano de 1990. Além de cortar localmente suas emissões, os países desenvolvidos podem também comprar uma parcela de suas metas em créditos de carbono gerados em projetos em outros países. A Implementação Conjunta garante créditos obtidos de países desenvolvidos e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) permite que estes créditos venham de países em desenvolvimento, como o Brasil.

O MDL é visto com grande interesse pelo Brasil, pois além de incentivar a implantação de projetos que reduzem as emissões dos gases do efeito estufa, colabora com o desenvolvimento sustentável. A principal vantagem para os países desenvolvidos é a possibilidade de atingirem suas metas com menores custos, pois reduzir uma tonelada de carbono em países em desenvolvimento custa mais menos do que em países desenvolvidos.

É aí que o Brasil, hoje em segundo lugar em número de projetos de MDL no mundo, pode fazer a diferença. O imenso potencial brasileiro de produzir energia sustentável poderia se traduzir em reduções de nossas emissões de gases do efeito estufa. O estudo “Agenda Elétrica Sustentável 2020”, do WWF-Brasil e parceiros, lançado em setembro deste ano, aponta para um potencial de redução de até 413 milhões de toneladas de CO2 acumuladas durante o período de 2004 a 2020 só com a geração elétrica sustentável.
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