Monitoramento de áreas restauradas desde o céu

setembro, 14 2016

Desde julho do ano passado, a organização vem buscando diferentes aplicações para os drones por meio do projeto Ecodrones Brasi
Utilizar Veículos Aéreos Não Tripulados (os Vant’s) ou mais conhecidos como drones para fins de conservação ambiental não é um tema novo para o WWF-Brasil. Desde julho do ano passado, a organização vem buscando diferentes aplicações para os drones por meio do projeto Ecodrones Brasil, juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Universidade Federal de Goiás, EMBRAPA e outros parceiros.

Agora, a pesquisa se estendeu ao monitoramento de restauração de áreas em processo de restauração. O estudo está sendo realizado em três áreas piloto em diferentes biomas brasileiros: sete hectares de Cerrado no núcleo rural Pipiripau (DF); 9,5 hectares de Mata Atlântica em Lençóis Paulista (SP) e 16 propriedades rurais na região Amazônica em Apuí (AM).

“Estamos coletando dados, testando os equipamentos e comprovando hipóteses sobre a efetividade em obter os dados e o custo do monitoramento com drones, por exemplo,” explica Marcelo Oliveira, especialista em conservação do programa Amazônia do WWF-Brasil. “O que é evidente é o potencial de uso de Vant’s para auxiliar no monitoramento de áreas de restauração florestal sem a necessidade de compra de imagens de satélite que geralmente abrangem uma área maior e muitas vezes sem o detalhamento necessário para as áreas restauradas”, completa.

Esse estudo sobre uso de drones para monitoramento de restauração florestal é uma parceria do WWF-Brasil com a Universidade Federal do Goiás e a Embrapa Instrumentação, com participação do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM) para as áreas do Amazonas.

O Brasil tem uma meta de recuperação ambiental de 12,5 milhões de ha (entre APP e Reserva legal) para cumprir com o código florestal. Geralmente está restauração ocorre em pequenas áreas fragmentadas na paisagem. Segundo Marcelo, “monitorar o avanço destas áreas será fundamental para avaliar o cumprimento da implementação do código, o potencial de serviços ambientais e também para subsidiar mecanismos de incentivos econômicos, tais como créditos de carbono e PSA (pagamento por serviços ambientais)”.

O estudo avalia as potencialidades de diferentes modelos de VANTs e a qualidade dos dados obtidos em voos com diferentes configurações de altitude, velocidade e sobreposição de fotografias. Avalia, ainda, as diferenças entre resultados obtidos por câmeras RGB e GBNir (que absorvem diferentes espectros de comprimento de onda) e realiza comparações com geotecnologias tradicionais, como imagens de satélite. A proposta é entender quais os melhores equipamentos em diferentes contextos e comparar os resultados com as metodologias tradicionais de monitoramento.

“Por enquanto, os modelos multirotores mostraram-se mais adequados às aplicações propostas, já que é um modelo de fácil transporte e manuseio, resistente a ventos, robusto e tem custo de aquisição acessível. Tais condições sugerem ampla capacidade no uso deste equipamento para registrar e monitorar o processo de restauração florestal em áreas degradadas”, explica Manuel Ferreira professor do Laboratório de processamento de imagens e geoprocessamento (LAPIG) da UFG.

Ele acrescenta: “drones, especialmente o Multirotor, tem um potencial de serem mais  vantajosos ao monitoramento de recuperação florestal frente a outras geotecnologias. Os satélites dependem da presença de imagens no acervo técnico do fornecedor para viabilizar um custo de aquisição mais baixo, sendo que leva-se tempo entre a coleta da imagem até a disponibilização no acervo, e além disso, essas imagens não podem conter nuvens e devem ter data específica para se registrar ocorrências nas áreas, como fogo por exemplo. E por último, “aerolevantamentos requerem maior custo de serviço devido ao porte da aeronave e contratação de piloto”, comenta.

Até o momento estão sendo feitos sobrevoos em áreas implantadas em 2012, que foram monitoradas até 2015. Segundo Leda Tavares, especialista em conservação do programa Agricultura e Meio Ambiente do WWF-Brasil, o monitoramento é parte fundamental do processo de restauração porque permite a mensuração contínua de indicadores por meio de avaliações ao longo do tempo, conferindo o desenvolvimento e adaptação das árvores a fim de favorecer o restabelecimento de ecossistemas funcionais e ricos em espécies nativas. Além disso, o monitoramento pode ser utilizado para avaliar o incremento em serviços ecossistêmicos, tais como estoque de carbono, proteção de bacias hidrográficas, como a retenção de sedimentos.

“O que estamos fazendo agora com o uso dos drones é explorar essa tecnologia e compara-la com as metodologias tradicionais. Mas vale ressaltar que não estamos avaliando a substituição de pessoas pelo drones, até porque a presença do técnico é sempre necessária”, comenta Leda.

O que enriquece essa pesquisa é o fato de compreender áreas em três biomas distintos, pois a composição florestal muda de um ecossistema para outro. “Vendo de cima, as imagens de uma área de Cerrado são diferentes das obtidas na Amazônia, por exemplo. E o drone permite um nível de detalhe mais apurado, o que facilita a interpretação das imagens”, completa.
 
A pesquisa se estendeu ao monitoramento de restauração de áreas em processo de restauração
© WWF-Brasil/ Marcelo Oliveira
O estudo está sendo realizado em três áreas piloto em diferentes biomas brasileiros
© WWF-Brasil/ Marcelo Oliveira
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