Balão Panda do WWF-Brasil sobrevoa o encontro das águas para alertar sobre prejuízos do desmatamento na Amazônia

novembro, 28 2006

O encontro dos rios Negro e Solimões foi o local escolhido pela ONG para chamar a atenção sobre os  efeitos sociais, econômicos e ambientais do desmatamento amazônico
Com o objetivo de chamar a atenção de governos e sociedade civil para a gravidade do quadro de desmatamento na Amazônia, o WWF-Brasil realizou, na manhã desta terça-feira (28), dois sobrevôos do balão Panda no encontro das águas dos rios Negro e Solimões, próximo a Manaus (AM).  O contraste entre as águas barrentas do Solimões e o aspecto escuro do Rio Negro é um dos pontos turísticos da capital amazonense e um dos símbolos nacionais.  A partir deste ponto é que o Solimões passa a se chamar Amazonas.

A Amazônia tem um papel para além da própria região. As pesquisas cientificas confirmam a influência no regime climático das regiões sul e sudeste no Brasil, e também no Golfo do México e América do Sul.  

Mantidas as taxas de desmatamento relativas ao período de agosto de 2004 a julho de 2005, o Brasil perderia, em dez anos, 170 mil km² da floresta Amazônica, emitindo 1,53 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera, contribuindo para agravar as mudanças climáticas e declínio de diversidade biológica, e afetando o regime das águas na Amazônia, que guarda nada menos que 8% dos recursos hídricos do planeta.

De acordo com técnicos do WWF-Brasil, o país perde muito dinheiro com a degradação de seus recursos naturais. E mais prejuízos podem vir a ocorrer se não se tomar uma iniciativa no sentido de promover a gestão hídrica na região.  A degradação dos sistemas aquáticos, também agravada pelo desmatamento, extinguiria o principal meio de vida das populações ribeirinhas.

 "A valorização do papel de nossas florestas para o clima e para a economia do Brasil, assim como para a conservação de nossa biodiversidade, é a essência do trabalho do WWF-Brasil na região. A criação e consolidação de unidades de conservação, a promoção de uma economia florestal sustentável, apoio ao manejo florestal comunitário, a modernização do setor florestal empresarial e a gestão dos recursos hídricos  na Amazônia são estratégias propostas pelo WWF-Brasil para a região", afirma Denise Hamú, Secretária Geral do WWF-Brasil.

Embora o percentual de desmatamento tenha sido reduzido em cerca de 54% nos últimos dois anos, a devastação ainda está num patamar muito elevado, com 13 mil km² no último ano, ou seja, mais de um milhão de campos de futebol entre 2005 e 2006.

"O desmatamento tem diversas causas, mas a principal é a ausência do Estado. O Governo deve, junto com a sociedade, estabelecer metas de redução do desmatamento e implementar as ações necessárias para atingi-las", lembra Samuel Barrêto, coordenador do Programa Água para a Vida, da mesma ONG. Barrêto vê na criação e implementação de unidades de conservação, no uso sustentável da floresta e na gestão dos recursos hídricos algumas das formas de garantir a presença do Estado na região. "É preciso identificar diretrizes mais integradas e ações concretas para harmonizar as atividades econômicas, gerando emprego, promovendo a inclusão social e conservando os recursos naturais. É possível produzir sem destruir", afirma Mauro Armelin, coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil.
Balão Panda do WWF-Brasil sobrevoa o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, próximo a Manaus (AM), para alertar sobre prejuízos do desmatamento na Amazônia.
© WWF-Brasil / Luiz Silva
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