Ministra apresenta a proposta brasileira, mas não há repercussão
novembro, 16 2006
A Ministra e a proposta brasileira de reduções compensadas estavam sendo muito esperadas em Nairóbi, mas por alguma falha de comunicação, ou organização, nem o tema e nem o nome da Ministra apareceram na programação do dia. Mauro Armelin estava lá e conta exatamente o que aconteceu.
Por Mauro Armelin Dizem que a maior característica do brasileiro é sua alegria, simpatia e carisma. Todos os jornalistas e delegados de outros países que nos procuravam tinham uma pergunta em comum: “quando chega a ‘sua ministra’?”. A Ministra Marina Silva é uma unanimidade internacional, mesmo depois de o Brasil ter ganhado o prêmio “Fóssil do Dia” por tentar impedir que o protocolo seja revisto. Todos lembram de seu carisma e simplicidade.
A Ministra e a proposta brasileira de reduções compensadas estavam sendo muito esperadas em Nairóbi, mas por alguma falha de comunicação, ou organização, nem o tema e nem o nome da Ministra apareceram na programação do dia. Mesmo assim, o plenário da ONU estava bem cheio.
Após um breve discurso de abertura, quando descreveu a situação brasileira relativa ao desmatamento e às medidas do governo a Ministra frisou que “se engana quem pensa que é mais fácil reduzir as emissões oriundas do desmatamento do que as da matriz energética de um país”. Ela tem toda a razão.
Trocar uma máquina menos eficiente por uma mais limpa e moderna depende de investimentos financeiros e tecnológicos e o desenvolvimento necessário para isso nem de longe pode ser considerado barato. Mas a mesma situação se aplica ao desmatamento. Suas variáveis são tão complexas e caras quanto o desenvolvimento de novas tecnologias. E as novas tecnologias também têm um papel determinante para a redução do desmatamento, pois seu principal motor é a agropecuária. Desenvolver e disponibilizar novas de tecnologias para que a produção possa ser cada vez mais intensificada pode reduzir a necessidade de expansão da fronteira agrícola sobre as áreas florestais, sejam elas na Amazônia ou em nosso Cerrado.
Voltando à apresentação da proposta brasileira, para nossa surpresa, e até mesmo decepção, quando o presidente da mesa abriu a perguntas, a plenária ficou apática. Nenhuma pergunta foi feita. Infelizmente, a apresentação não serviu como um “termômetro” para medirmos a aceitação dos países a proposta brasileira.
Acabamos ficando com as mesmas dúvidas com que chegamos. A principal é: que país colocará dinheiro nesse mecanismo de recompensa para os países que voluntariamente reduzirem suas emissões oriundas de desmatamento?