setembro, 27 2014

Por Thaís Alves

Januária (MG) – Nos dias 23 e 24 de setembro, a equipe do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil participou de três reuniões na Chapada Gaúcha, Januária e em Montes Claros, municípios situados no norte de Minas Gerais. O objetivo dos encontros foi discutir o fortalecimento da cadeia produtiva do extrativismo vegetal sustentável, principalmente dos meios de comercialização dos frutos do Cerrado na região do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu (MSVP).

Para Kolbe Soares, analista de conservação do Programa Cerrado Pantanal, as reuniões permitiram fortalecer o trabalho que o WWF-Brasil desenvolve na região, por meio do Projeto Sertões. “Nossas ações têm contribuído para o aumento do número de produtores responsáveis, na área prioritária do bioma, desenvolvendo cadeias produtivas baseadas na ocupação ordenada do território, na aplicação de boas práticas produtivas e na agregação de renda local”, destacou. Um dos exemplos é o apoio proporcionado à construção da Unidade de Beneficiamento de Frutos do Cerrado na comunidade do Areião, localizada no Núcleo Peruaçu do MSVP.

O primeiro encontro aconteceu na sede da Cooperativa Agrossilviextrativista Sertão Veredas (Coop Sertão Veredas), na Chapada Gaúcha, e teve como pauta a comercialização do pequi (Caryocar brasiliense) para o mercado interno e externo. O fruto é muito utilizado na culinária das escolas municipais e existe uma proposta para sua exportação.

Na ocasião, Luis Cazarra e João Ávila, representantes da Central do Cerrado, ressaltaram o momento importante do extrativismo na região e dos produtos relacionados aos frutos do Cerrado. “Nosso papel é ser uma ponte entre produtores comunitários, as empresas e os consumidores”, explicou Cazarra.

Novas parcerias e cadeia produtiva

Realizada em Januária, a segunda reunião buscou uma possível parceria com o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG). Representantes do WWF-Brasil, do IFNMG, da Coop Sertão Veredas, da Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Pandeiros (COOPAE), da Funatura e da Central do Cerrado debateram sobre o apoio do IFNMG com infraestrutura de maquinário e qualificação de análise microbiológica dos frutos do Cerrado.

Durante o encontro, os participantes conheceram as estruturas físicas do IFNMG e relataram as dificuldades das cooperativas e da comercialização em alta escala.

A última reunião foi realizada na manhã do dia 24, no Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), em Montes Claros, e visou à nova eleição da diretoria do Núcleo Gestor da Cadeia Produtiva do Pequi e outros Frutos do Cerrado. São 20 organizações, entre associações e cooperativas, que integram o núcleo.

Para Wilson Miguel, engenheiro agrônomo da Coop Sertão Veredas, a organização do movimento e a persistência do grupo são de grande importância. Segundo ele, são muitas as dificuldades, mas as vitórias precisam ser comemoradas como grupo, por exemplo, a eleição que consolidou o processo de coordenação do núcleo do Pequi.

Mosaico Sertão Veredas Peruaçu

Palco de belezas cênicas e humanas que inspiraram João Guimarães Rosa a escrever uma das maiores obras de nossa literatura, Grande Sertão: Veredas (1956), o Mosaico Sertão Veredas Peruaçu (MSVP) abriga uma complexa e única realidade socioeconômica.

É composto por um conjunto de áreas protegidas localizadas na margem esquerda do rio São Francisco, entre as regiões norte e noroeste de Minas Gerais e parte do sudoeste da Bahia. Possui uma área de aproximadamente 1,8 milhão de hectares, representando a porção de Cerrado mais conservada no estado de Minas Gerais, envolvendo unidades de conservação estaduais, federais e particulares, comunidades quilombolas, terras indígenas Xakriabás, populações extrativistas e áreas de produção agropecuária.

Desde 2010, o WWF-Brasil, por meio do Programa Cerrado Pantanal, desenvolve na região o Projeto Sertões. Em sua primeira fase (2010-2014), as ações do projeto foram focadas, principalmente, no incentivo à adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA´s); à implementação e gestão integrada das unidades de conservação; à comunicação, visando a valorização e o resgate do Cerrado e o planejamento territorial, que visa o planejamento sistemático da conservação no bioma Cerrado. A segunda fase do Projeto Sertões (2014/2018) prevê uma ampliação das linhas de ação, incluindo o fortalecimento do apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos do Cerrado.