Vitória! Companhia petrolífera Soco não vai explorar petróleo no Parque Nacional Virunga, Patrimônio da Humanidade

junho, 13 2014

A Rede WWF realizou uma campanha para proteger o Parque
Londres – A Empresa Petrolífera Soco International PLC anunciou, nesta quarta-feira (12), que vai parar com suas operações no mais antigo parque nacional da África e também se compromete a permanecer fora de todos os outros Patrimônios Mundiais da UNESCO.

A Rede WWF realizou uma campanha para proteger o Parque Nacional Virunga, na República Democrática do Congo (RDC), que seria o controverso local para as atividades de extração de petróleo da empresa.

“Hoje conseguimos uma vitória para o nosso planeta e por boas práticas nos negócios. Este sucesso é o resultado do trabalho de autoridades governamentais, ativistas na RDC e pessoas no mundo todo que se juntaram para ajudar a remover a ameaça mais imediata ao Virunga”, disse Marco Lambertini, diretor geral do WWF Internacional. “Agora é a hora para o governo da RDC reafirmar a sua convicção de que o Parque Virunga tem um valor universal excepcional para toda a humanidade, cancelando todas as concessões de petróleo em sobreposição às áreas do parque, conforme solicitado pela UNESCO”.

Em outubro de 2013, a Rede WWF apresentou uma queixa contra a Soco de acordo com o guia para Empresas Multinacionais, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O compromisso da empresa vem após a mediação entre as duas partes, como parte deste processo.

A Soco vai se retirar do Virunga após concluir suas atividades operacionais atuais, que incluem testes sísmicos no lago Edward. A empresa se compromete a não explorar petróleo no parque, atividade que o WWF adverte poderia levar a graves danos ambientais.

"Caso consiga livrar-se da ameaça do petróleo, o Virunga pode ser uma fonte contínua de esperança para o povo da RDC. Como em outros países africanos, com o investimento adequado, este parque pode se tornar um fator econômico importante para suas comunidades”, disse Raymond Lumbuenamo, diretor geral do WWF-RDC. "Este é o momento para a comunidade internacional apoiar a RDC e nos ajudar a trazer mudanças duradouras que vão garantir que o primeiro parque nacional da África continue a ser o parque mãe da África".

O Parque Virunga é um local de biodiversidade inestimável e animais raros, como os lendários gorilas das montanhas, criticamente ameaçadas de extinção. Além disso, mais de 50 mil famílias dependem do Lago Edward, localizado no parque, para trabalhar, conseguir alimentos e água potável. Em um relatório independente encomendado pelo WWF, pesquisadores descobriram que o parque poderia gerar em valor mais de 400 milhões de dólares anuais por meio de atividades como o ecoturismo e a pesca.

O WWF acredita que o compromisso assumido envia uma mensagem de que Patrimônios da Humanidade e outras áreas naturais devem ser protegidos, e a organização vai continuar a lutar por estes lugares.

“Para as 750 mil pessoas que se juntaram a esta campanha, e aos milhões que apoiam o trabalho do WWF e seus parceiros, nós temos uma mensagem clara: obrigado pelo seu apoio e fiquem por perto. Nosso trabalho ainda não terminou,” disse Lambertini. “Nós temos mais a fazer em Virunga e precisamos agora expandir este esforço para trabalhar com governos e empresas ao redor do mundo para remover as pressões crescentes que colocam estes Patrimônios da Humanidade em risco”.

Ainda este mês representantes governamentais se encontrarão em Doha, no Qatar, para a reunião anual do Comitê do Património Mundial da UNESCO, para discutir a situação de conservação do Virunga, da Grande Barreira de Corais na Austrália, do Selous Game Reserve, na Tanzânia, do Parque Nacional de Doñana, na Espanha, e de outros locais de interesse.

#SOSJuruena
A proteção de outro Parque Nacional, o Juruena, tem sido o foco de campanha lançada no Brasil pelo WWF. Localizado na divisa entre o Mato Grosso e o Amazonas, a unidade de conservação poderá ser reduzida para a construção das usinas hidrelétricas de São Simão Alto e Salto Augusto Baixo Baixo. O tema será um dos destaques da reunião a ser realizada no próximo dia 24, pelo Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE), quando poderá declarar como de “utilidade pública” parte do Parque Nacional do Juruena.

“Queremos alertar a sociedade sobre essas ameaças ao Parque Nacional do Juruena e à Bacia do Tapajós, e pedir o apoio da sociedade para pressionar o governo a não permitir a construção das hidrelétricas dentro do Parque e assim garantir que esta Unidade de Conservação se mantenha íntegra”, explica Jean Timmers, superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.

Se construídos, os reservatórios das duas usinas inundarão mais de 40 mil hectares no Parque Nacional do Juruena, no Parque Estadual Igarapés do Juruena e nas terras indígenas Escondido e Apiaká do Pontal, no Mato Grosso. No Amazonas, poderão ser atingidas porções do Parque Estadual do Sucunduri, além de terras indígenas.

Saiba como apoiar o Juruena nos links relacionados ao lado.

Bebê gorila, Parque Nacional Virunga, Bukina, República Democrática do Congo
© Brent Stirton / Reportage for Getty Images / WWF

Links relacionados

Sol nascente atrás do Monte Mikeno, Parque Nacional Virunga, República Democrática do Congo
© naturepl.com / Christophe Courteau / WWF
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