Um sábado de mil árvores

dezembro, 10 2012

 Cerca de 200 pessoas participaram de ação voluntária de recuperação do Pipiripau
 Por Warner Bento Filho
De Brasília


Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, é a cidade natal do agricultor Darvilio Uebel, que se mudou há 23 anos para as margens do ribeirão Pipiripau, em Planaltina (DF). Foi na sua propriedade que, no sábado (8), cerca de 200 voluntários tocaram a terra para plantar mil mudas de árvores nativas do Cerrado.

O grupo atendeu a convite do programa Água Brasil para uma ação de voluntariado que visa recuperar as margens do ribeirão Pipiripau. Concebido pelo Banco do Brasil, o programa é desenvolvido em parceria com a Fundação Banco do Brasil, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o WWF-Brasil.

No Âmbito do programa, já foram plantadas cerca de 29 mil mudas no Pipiripau, e o objetivo é chegar a 65 mil mudas. O ribeirão abastece as populações de Planaltina e Sobradinho e também é usado para irrigar hortas, pomares e lavouras de dezenas de agricultores da região. Faz parte da maior bacia hidrográfica do Distrito Federal, a do São Bartolomeu, formadora dos rios Paranaíba e Paraná.

Calejado na vida do campo, seu Darvilio já tentou de tudo: vendeu máquinas, plantou soja, criou gado, plantou milho, feijão. Hoje se dedica principalmente ao cultivo de grama. E todos os anos também planta um pouco de soja ou de feijão.

Quando chegou à chácara Santa Débora, em 1989, as margens do Pipiripau eram, como ele mesmo diz, “tudo pelado”, por culpa das queimadas. “Naquela época, os vizinhos gostavam de usar o fogo para limpar o terreno”, diz. De frente para o ribeirão, onde se vê um frondoso jatobá, em companhia de braúnas, ingás, carvoeiros e macaúbas, seu Darvilho conta que ali, uma propriedade de 20 hectares, havia só “duas ou três árvores”.

Aos poucos, convenceu os vizinhos a pararem de usar o fogo. Então o “mato”, começou a se recuperar praticamente sozinho. Ele ajudou, distribuindo sementes e mudas, mas a natureza fez quase tudo sozinha. “Lá no sul era só fazer roça, fazer roça. Foi assim que o mato sumiu. Então quando vim para cá resolvi fazer diferente”, conta.

Agora, seu Darvilio ofereceu sua propriedade para receber as mudas do Programa Água Brasil. Além do Pipiripau, o programa desenvolve ações em outras sete microbacias hidrográficas brasileiras e vai chegar a 14 até 2015. Nestes locais, além de atuar em restauração florestal, também desenvolve experiências em boas práticas agrícolas para a conservação da água. O programa também atua em consumo responsável e reciclagem de resíduos e em finanças sustentáveis e negócios verdes.

As mil mudas plantadas pelos voluntários no sábado foram suficientes para recuperar quase um hectare às margens do Pipiripau. Seu Darvilio ficou feliz. “Se não servir para nós, servirá para nossos netos”, diz.
O grupo de percussão Patubatê fez a trilha sonora que ajudou a criar o clima de entusiasmo que embalou o plantio. A estudante de odontologia Beatriz Moreira Lopes, de 23 anos, nunca tinha plantado árvores. No sábado, plantou 17 mudas, entre ipês, jatobás e outras tantas que sequer conhece. “Vim porque a minha mãe me chamou. Mas agora me sinto mais realizada. Da próxima vez, venho mesmo sem ela”, aposta.
Cerca de 200 pessoas participaram de ação voluntária de recuperação do Pipiripau
© WWF-Brasil/Eduardo Aigner
Darvilio Uebel: “Lá no Sul era só fazer roça. Aqui, resolvi fazer diferente”
© WWF-Brasil/Eduardo Aigner
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