Autoridades lançam Plano Estadual de Recursos Hídricos durante o “Acre Day”
junho, 21 2012
Documento institucionaliza a utilização das águas naquele Estado
Por Jorge Eduardo DantasRio de Janeiro (RJ) - Com o objetivo de institucionalizar a gestão dos seus recursos hídricos, as autoridades do Acre lançaram, na manhã da quarta-feira dia 20, o Plano Estadual de Recursos Hídricos daquele Estado. A solenidade ocorreu na manhã da última quarta-feira, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, e contou com a presença de diversas autoridades e convidados. O WWF-Brasil contribuiu com a elaboração do Plano desde a sua concepção até a sua versão final.
O Plano conta com 244 páginas e cinco capítulos, e estabelece diretrizes para o uso das águas naquela unidade da federação. Com isso, o Acre tornou-se o único Estado da região amazônica a institucionalizar a gestão de seus recursos hídricos.
As linhas de ação prevêem ações nas seis sub-bacias do Acre – Abunã, Acre, Iquiri, Juruá, Purus e Tarauacá – que vão priorizar, entre outras medidas, o apoio à gestão municipal de bacias hidrográficas; a modernização e ampliação da rede hidrometeorológica para monitoramento de eventos extremos como secas e cheias; e o estabelecimento de rede de monitoramento da qualidade de água. Também há perspectivas para a formação e capacitação em recursos hídricos e a adoção de programas de conservação e recuperação de nascentes e matas ciliares.
Elaboração participativa
O analista de conservação do WWF-Brasil, Angelo Lima, afirmou que a elaboração do Plano foi feita de forma participativa desde o começo. “O importante, nesse caso, não foi apenas promover discussões entre as autoridades e a sociedade civil, mas também capacitar a sociedade para participar dessas discussões, algo que não é feito normalmente neste tipo de processo. Neste caso, conseguimos”, disse o especialista.
Coordenador do Programa de Águas do WWF-Brasil, Glauco Kimura contou que a participação da sociedade civil é importante por possibilitar que ‘outras visões’ da água sejam consideradas durante a elaboração do documento. “Para algumas populações, a água tem um valor cultural e religioso que deve ser levado em conta. Com este processo, pudemos refletir sobre isso e inserir esta visão dentro do Plano”, declarou o coordenador.
“É importante ter uma visão estratégia da água, não apenas aquela visão utilitarista de um bem à disposição, mas também como um recurso produtor de seus próprios ecossistemas e protetor dos ecossistemas dos arredores”, afirmou Angelo.
Saindo do discurso, passando à ação
A secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Britto, disse que o Acre é hoje o melhor exemplo de Estado brasileiro que sai do discurso e passa à ação. “É algo que estamos dizendo ser necessário desde o início desta Rio+20. O governo acreano realizou ações ousadas, observando os anseios e desejos da sociedade, mas ao mesmo tempo buscando a conservação”, afirmou.
Maria Cecília lembrou ainda que o plano investe no futuro (“ele tenta prevenir problemas e cuidar dos recursos antes que os problemas surjam”, disse ) e afirmou que o plano é o primeiro passo de um processo que deve ser posto em prática. “Um Plano é como uma bicicleta. Só funcionando enquanto estiver andando”, declarou.
O Governador do Acre, Tião Viana, afirmou que o Acre vive um momento de “grande esperança”. “Estamos vivendo os anos dos menores índices de desmatamento em nosso Estado, implementando ações simples, mas ousadas, que rompem preconceitos e que assumem o desafio da conservação”, afirmou.
O “Acre Day”
Para celebrar seus resultados de conservação e apresentá-los aos participantes da Rio+20, o governo do Acre organizou, no dia 20 de junho, o “Acre Day”. Realizada no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, a programação foi composta de vários painéis e seminários que discutiram temas como empreendedorismo sustentável, financiamento do desenvolvimento sustentável, novos desafios para as políticas de Educação, Ciência e Tecnologia, exposições e exibições de filmes.
O Coordenador do Programa Amazônia, Mauro Armelin, participou como convidado do painel que discutiu “A inovação e conservação das ideias de desenvolvimento sustentável”. Em sua fala, Mauro ressaltou a necessidade de, no âmbito do poder público, existir um trabalho integrado entre secretarias e autarquias de várias áreas para tratar a questão da sustentabilidade.
“A Secretaria de Educação, por exemplo, deve trabalhar em conjunto com o Fundo Florestal e com vários outros órgãos. Educação Ambiental hoje não é mais nicho, é ferramenta de conservação. É esse tipo de inovação que precisamos na Amazônia, como fazer essa inovação política é a nossa grande necessidade”, declarou.