Campanha pelas florestas continua e ganha força na Rio+20

junho, 16 2012

Lançamento da segunda fase da campanha em defesa das florestas foi acompanhada por mais de 2 mil pessoas na Cúpula dos Povos da Rio+20. Governo foi novamente cobrado por permitir retrocessos.
 por Aldem Bourscheit

Rio de Janeiro (RJ) - Mais de 2 mil pessoas participaram hoje do lançamento da nova fase da campanha "Floresta faz a diferença", na Cúpula dos Povos da Rio+20 (Aterro do Flamengo). O segundo tempo da ação que mobilizou milhões de cidadãos no Brasil e no mundo em defesa das florestas deixa claro que o Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional está um horror, mas que #oJogoNãoAcabou. Mais informações e materiais da campanha podem ser obtidos em florestafazadiferenca.org.br

A secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília wey de Brito, ressaltou que a luta contra os retrocessos à proteção das florestas e por resultados concretos para a Rio+20 não deve se restringir à Cúpula dos Povos. "Precisamos ganhar as ruas e chegar ao RioCentro, ao evento oficial, onde as decisões são tomadas", disse. Segundo ela, enquanto a presidente Dilma Roussef ruma para o México onde pretende negociar com o G-20 o documento base da conferência, as negociações seguem sem ela no Rio de Janeiro. A sociedade brasileira precisa saber se o país seguirá retrocedendo na proteção de seus recursos naturais, ou se avançará, como nós e o mundo precisam."Cadê a nossa presidente? Por quê ela não está aqui discutindo o futuro do planeta˜?", questionou.

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva lembrou que a maioria dos brasileiros e as mais de 200 entidades atreladas ao Comitê Brasil em Defesa das Florestas não são "oposição ou situação", mas têm posição clara em defesa das florestas e do desenvolvimento sustentável do país. "Em defesa das leis que estão sendo revogadas por meia dúzia de atrasados que estão dando as cartas no Congresso", disse. Segundo ela, havia esperança de que Dilma Roussef agisse para que o Brasil seguisse liderando outras pelo bom exemplo na área ambiental, comemorando vitórias como a redução do desmatamento. "Mas agora nossos ganhos são usados para justificar retrocessos, minando as bases que permitiram esses avanços", destacou.

O desmantelamento do Código Florestal, a redução de áreas protegidas para geração de energia, a retirada de atribuições do Ibama e a possível abertura de terras indígenas à mineração fazem parte de um amplo cardápio de retrocessos que setores atrasados da sociedade vêm impondo ao país. "E a situação ganha cores mais problemáticas pois, agora, o Brasil atravessa uma fase com Congresso e Governo conservadores e retrógrados", avalicou João Capobianco, do Instituto Democracia e Sustentabilidade. "Além do Código Florestal, virão outras tentaiva para acabar com as leis socioambientais brasileiras", disse.

Já o deputado Ivan Valente (PSOL/SP) lembrou que a defesa da legislação florestal também coloca em xeque a função socioambiental da terra, pois as mudanças impostas pela bancada ruralista abrem mais espaço ao desmatamento e uso das propriedades rurais. "Quem ganhará de verdade são os exportadores e os latifundiários, exploradores do povo e dos pequenos produtores que põe comida na mesa da população e querem preservar suas águas, nascentes e florestas", disse. "Como Dilma terá moral para cobrar sustentabilidade frente a outros líderes na Rio+20 tendo concordado com um dos maiores retrocessos à proteção das florestas do país", arrematou.

O ativista Pablo Solon, da Fundação Focus, comentou que a luta dos brasileiros pela preservação de suas florestas é a mesma de inúmeras populações em todo o mundo contra modelos de desenvolvimento que não reconhecem os direitos das populações e da natureza. "As florestas não têm voz, só podem falar através dos que os defendem", disse.

Dom Guilherme Werlang (CNBB) pontuou que o Código Florestal aprovado por Congresso e Governo beneficia um modelo econômico que vê a terra, as águas, a biodiversidade e nossas riquezas naturais como mercadoria de compra e venda. "A lei aprovada mantém o Brasil como uma colônia, derrubando matas e represando rios para produzir grãos e carnes para exportação. A lei é contra pequenos agricultores, contra o meio ambiente, favorecendo apenas o agronegócio e a bancada ruralista", alertou.

O especialista em Direito Ambiental Raul Valle, do Instituto Socioambiental (ISA), classificou o Brasil primeiro país no século 21 a acabar com uma legislação de proteção florestal. "Foi o primeiro a dar um passo para trás", disse. Segundo ele, o que está em disputa é o tipo de país que queremos e precisamos. Se manteremos um modelo de desenvolvimento concentrador de terras e campeão no uso de agrotóxicos, ou se teremos uma distribuição real das riquezas com base em princípios sustentáveis. "Precisamos de reforma política para que o Congresso seja mais representativo da sociedade. Há algo de muito errado em nosso sistema político quando o parlamento aprova leis totalmente contrárias aos anserios da maioria da população", disse.

Também participaram do evento o deputado Alessandro Molon (PT/RJ), Mário Mantovani (SOS Mata Atlântica), André Lima (Ipam), os atores Vitor Fasano e Marcos Palmeira, Paulo Adário (Greenpeace) e Lígia Boueres (Comitê Universitário em Defesa das Florestas).
Código Florestal na Rio+20
© WWF-Brasil / Marco Sarti

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Na tarde deste sábado (16/06) foi lançada a nova fase da campanha Floresta faz a diferença. O evento organizado pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável reuniu mais de duas mil pessoas, na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo.
© WWF / Aldem Bourscheit
Também participaram do evento o deputado Alessandro Molon (PT/RJ), Mário Mantovani (SOS Mata Atlântica), André Lima (Ipam), os atores Vitor Fasano e Marcos Palmeira, Paulo Adário (Greenpeace) e Lígia Boueres (Comitê Universitário em Defesa das Florestas).
© WWF / Aldem Bourscheit
Também participaram do evento o deputado Alessandro Molon (PT/RJ), Mário Mantovani (SOS Mata Atlântica), André Lima (Ipam), os atores Vitor Fasano e Marcos Palmeira, Paulo Adário (Greenpeace) e Lígia Boueres (Comitê Universitário em Defesa das Florestas).
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Cartazes #ojogonaoacabou
© WWF / Aldem Bourscheit
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