PEIXES: Pesquisadores encontram quatro possíveis novas espécies de peixes

agosto, 23 2011

Ao final do trabalho, que percorreu quatro unidades de conservação no noroeste do Mato Grosso, foram coletadas mais de 208 espécies diferentes de peixes.
Por Jorge Eduardo Dantas de Oliveira

Os estudos relacionados à ictiofauna, que estuda peixes, foram dos mais produtivos durante a Expedição Guariba-Roosevelt. Durante os 20 dias de campo, quatro possíveis novas espécies foram identificadas pelos pesquisadores e foram coletados mais de 200 tipos diferentes de peixes – a maior parte da família dos Caracídeos (Characidae), grupo caracterizado por seu tamanho pequeno e cores vivas e alto valor ornamental. Até fevereiro, 192 espécies de peixes foram identificadas e 16 espécies permaneciam em processo de identificação pelos pesquisadores que participaram da expedição.

Os animais que mais chamaram a atenção dos pesquisadores durante os trabalhos em campo foram: um lambari pescado numa região de campinarana, próxima ao rio Roosevelt, e um bagre coletado nas imediações do rio Madeirinha. As características físicas apresentadas por eles levam a crer que são espécies novas, desconhecidas para os ictiólogos do mundo todo.

As quatro espécies foram levadas aos laboratórios da Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat) situados em Alta Floresta, a 830 quilômetros da capital Cuiabá. Uma equipe capitaneada pela professora e pesquisadora Solange Arrolho será responsável por estudos mais detalhados, que serão feitos para comprovar se são de fato novas espécies.

“Precisamos revisar toda a bibliografia disponível sobre a família destes animais e comparar suas características físicas com as de outros peixes”, afirmou um dos integrantes da equipe, James Machado Bilce.

James Bilce disse ainda que possíveis novas espécies também podem surgir da família dos Caracídeos. Esta família de peixes, formada predominantemente por peixes diminutos e de cores chamativas - e que, por isso, são muito utilizados como peixes ornamentais - compõem a maior parte do material coletado em campo pelos pesquisadores.

“Descobrimos muitos peixes pequeninos e diferenciados. É bem possível que tenhamos novas espécies para descrever após separar e identificar todos eles”, comentou o pesquisador.

O primeiro ponto de coleta, no rio Guariba, “rendeu” cerca de 40 espécies diferentes; no rio Roosevelt, foram aproximadamente 70; e no rio Madeirinha, especialmente na região conhecida como Boca do Jatuarana, registrou-se 80 espécies distintas. Pequenos rios, cursos d’água, lagos e braços mais escondidos também apresentaram espécies particulares: a soma total das espécies chegou a pouco mais de 200 tipos diferentes de peixes.

Rosalvo Duarte Rosa, biólogo que integrou a equipe de ictiologia, contou também que a pesca predatória nos rios Roosevelt e Madeirinha é um dos grandes problemas ambientais daquela área. Segundo ele, a pesca esportiva que ocorre clandestinamente no período de piracema, entre os meses de novembro e março, causa impactos significativos - no momento da pesca, a captura pelo anzol causa estresse nos animais e gera distúrbios reprodutivos, que posteriormente interferem no número de indivíduos daquelas populações.

No rio Madeirinha, foram encontrados equipamentos de pesca e vestígios de acampamentos utilizados por pescadores. Instrumentos improvisados feitos com linhas, anzóis e garrafas plásticas também foram vistos, evidenciando a prática  de pesca clandestina em período não autorizado.
Margens do Rio Roosevelt. Expedição Guariba-Roosevelt 2010.
Margens do Rio Roosevelt. Expedição Guariba-Roosevelt 2010.
© WWF-Brasil/Juvenal Pereira
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