Encanto das aves nas ilhas
outubro, 24 2008
Assim como para outros grupos de animais, praticamente inexistem registros sobre as aves que ocorrem nas ilhas de Mariuá. Esse fato aguça ainda mais a curiosidade dos ornitólogos, que não medem esforços para o levantamento da avifauna local.
Por Ana Cíntia GuazzelliAssim como para outros grupos de animais, praticamente inexistem registros sobre as aves que ocorrem nas ilhas de Mariuá. Esse fato aguça ainda mais a curiosidade dos ornitólogos, que não medem esforços para o levantamento da avifauna local.
Em uma de suas saídas, geralmente às 5h30, acompanhamos os pesquisadores Thiago Orsi, Carla Haisler Sardelli e Ângela Midori, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), para avistar e registrar a ocorrência de aves em uma das 1.400 ilhas do arquipélago.
Depois de 40 minutos de voadeira, chegamos ao local esperado. Ali, conforme orientações do Thiago, tínhamos possibilidade de fotografar e gravar pelo menos duas espécies de aves encontradas em galhos de até um metro e meio de altura. Com sorte, conseguimos registrar a presença do rabo branco do rupununi (Phaethomis rupurumii) e o dançador de cauda fina (Pipra filicauda).
O primeiro é uma espécie de beija flor restrita à região amazônica, ainda pouco conhecida para a região do rio Negro. Vive em florestas úmidas, mede cerca de 9cm e pesa menos de 4 gramas. Seu canto é alto, forte e agudo. É encontrado em árvores de meio a um metro e meio de altura.
Já o dançador de cauda fina é um pássaro comum da floresta amazônica. Tem olhos brancos e pernas escuras. O macho se diferencia da fêmea pela cor da plumagem que, neles, é colorida e brilhante.
Esta espécie realiza o sistema de leque para conquistar as fêmeas. Empoleirados nos galhos, lado a lado, os machos se reúnem em grupos de dois a 10 indivíduos e, com pulinhos laterais e pequenos vôos, executam uma espécie de dança para atrair a atenção e conquistar as fêmeas, que escolhem o parceiro mais saudável e vigoroso.
Ontem nos encontramos com as equipes do outro barco da expedição, na comunidade do Caicubi, no rio Jufari. À noite, fizemos uma reunião para definição de procedimentos futuros e novas rotas. Houve trocas de barcos. As equipes de aracnídeos, herpetofauna, pequenos mamíferos, morcegos, sócio-economia e comunicação ficaram na comunidade. Já as equipes de ictiofauna, quelônios, aves, abelhas, mamíferos e botânica devem permanecer até o dia 29 na comunidade do Caju, localizada a oito horas de barco de onde estamos, retornando para cá em seguida.
Todos os finais de tarde têm sido marcados por fortes chuvas. Agora, o escuro do céu prenuncia tempestade.