Pesquisadora lamenta fuga de morcego raro
outubro, 23 2008
A captura de morcegos da noite passada não rendeu tanto quanto a equipe da expedição gostaria. Os únicos animais que ficaram presos nas 10 redes instaladas na praia do Papagaio foram 15 bacuraus, pequenas aves que gostam de voar no crepúsculo. Quando a bióloga Janaina Gazarini já estava desistindo, um morcego raro se prendeu a uma das redes, mas fugiu.
Por Ana Cíntia GuazzelliA lembrança da noite de ontem, 22, não se apagará tão cedo da memória da bióloga Janaina Gazarini, especialista em morcegos. Nem das nossas...
Já eram mais de 23 horas quando a chuva deu trégua e decidimos voltar à praia do Papagaio, distante cerca de 15 minutos de voadeira, com motor 25 Hp, do local onde estava atracado o barco da expedição, para acompanhar a captura de morcegos.
A escuridão era tanta, que Dodô, nosso piloteiro e guia, mesmo sendo morador de uma das comunidades do Arquipélago de Mariuá e conhecedor da área, chegou a se perder. Somente raios distantes clareavam com certa constância o caminho de água preta.
As 10 redes, de 12 metros cada, tinham sido armadas durante o crepúsculo. Janaína, uma paranaense de 26 anos, contara com a ajuda do piloteiro Francisco, que lhe fez companhia durante toda a noite, à espera dos mamíferos voadores.
Quando retornamos à praia, Janaina, desolada, brincou que aquele local deveria ser chamado de praia dos bacuraus (Chordeiles pusillus) e não dos papagaios. Mais de 15 exemplares dessas aves foram retirados das redes pela pesquisadora, mas para sua decepção, nenhum morcego tinha até então acertado o alvo.
Para não perdermos a viagem, resolvemos fazer algumas imagens noturnas de Janaina, mesmo sem os animais. Faltando exatamente 10 minutos para meia noite, ela resolveu desmontar as redes e se afastou, ainda cabisbaixa, da equipe de filmagem.
De repente, escutamos um bater forte de asas. Parecia ser um bicho grande. Ela anunciou: “Mais um...”, referindo-se a outro bacurau. Mas ao se aproximar do animal, soltou um grito de surpresa e emoção: “Vocês não vão acreditar! É ele, um Vampyrum spectrum! Um dos morcegos mais difíceis de ser visualizados e capturados!”
O animal se debatia para se livrar da armadilha. Ela, apressada, tentava calçar as luvas. Nós corremos na direção do bicho. Todos estavam envolvidos com a euforia da jovem pesquisadora, quando, de repente e para desilusão de Janaina, o morcego conseguiu se soltar. Sem acreditar no acontecimento, ela recolheu as redes e lamentou a fuga do maior morcego das Américas.
Hoje, às 5h30, saímos em busca de duas espécies de pássaros machos que se exibem para atrair suas fêmeas. Mas essa história será contada amanhã... Acompanhem.