Campinas reúne mais 100 pessoas para falar sobre Adaptação às Mudanças Climáticas em Municípios

julho, 03 2019

​Evento de dois dias aconteceu durante o II Fórum de Gestão Ambiental
Por Bruna M. Cenço
 
Tempestades, secas, recordes de temperaturas. Os efeitos da emergência climática que estamos enfrentando já faz parte do nosso dia-a-dia e a adaptação aos eventos extremos está presente na agenda de grande parte das cidades e municípios de todo o mundo.

Aqui no Brasil, a cidade de Campinas, em São Paulo, foi palco para o encontro Dia de Adaptação à Mudança do Clima no Município: Ferramentas, Metodologias e Abordagens Estratégicas. O evento, promovido por GIZ (Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável), C40, WRI Brasil, ICLEI América do Sul, Fundação KAS Brasil, Fundação Grupo Boticário e WWF-Brasil, fez parte do II Fórum Brasil de Gestão Ambiental, organizado pela ANAMMA - Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente e instituições parceiras.

Apesar de chamar “Dia de Adaptação”, o evento precisou ser realizado em dois dias para melhor abordar um tema tão complexo e necessário. Assim, ao longo dos dias 27 e 28 de junho, mais de cem especialistas e profissionais da área compartilharam iniciativas e ações estratégicas na aplicação de medidas de adaptação a mudança do clima no Brasil na escala municipal.

De acordo com Eduardo Canina, representante do WWF-Brasil no evento, o Dia contribuiu para o compartilhamento de experiências e para avançar nas estratégias de adaptação no nível municipal.

“A questão é de grande importância e está relacionada à qualidade de vida e à agenda de desenvolvimento. A adaptação à emergência climática que estamos vivendo faz parte do Acordo de Paris, mas não deve ser tratada como uma questão ambiental. É essencial incorporarmos a adaptação nos diversos setores e políticas em todos os níveis da federação”, afirma Canina, ressaltando um estudo da Organização Internacional do Trabalho desta semana divulgando que 80 milhões de empregos serão prejudicados pelas mudanças climáticas até 2030.

Entre os presentes, estavam representantes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), dos municípios de Salvador, Santos, Campinas e Recife, do Estado de Pernambuco e da empresa de consultoria WayCarbon.

Veja alguns dos temas abordados:
  • Oportunidades e desafios para a adaptação no nível local
  • Avanços na produção de conhecimento e uso da informação sobre impactos da mudança do clima, vulnerabilidade e riscos climáticos
  • Instrumentos de transversalização da adaptação em nível municipal, com experiências dos municípios de Santos/SP e Recife/PE.
  • Arranjos inovadores de adaptação à mudança do clima em nível municipal, com recomendações para governança climática
  • Exemplos de Soluções baseadas na Natureza, em especial Adaptação baseada em Ecossistemas
Destaques
Ao apresentar a experiência de Salvador no mapeamento e intervenção em áreas de risco, a coordenadora das ações de prevenção e redução de risco da defesa civil da capital baiana, Gabriela Moraes, ressaltou a importância da participação dos municípios nas discussões sobre adaptação. De acordo com ela, Salvador está sujeito a muitos alagamentos e deslizamentos e a tendência é piorar com os impactos das mudanças climáticas. Assim, a discussão da temática ajuda a trazer conhecimentos e estudos para eles trabalhem de forma preventiva e adaptativa com os moradores de áreas vulneráveis.

A atual Secretária Executiva do Estado de Pernambuco e ex-secretária do Meio Ambiente do município de Recife, Inamara Melo, evidenciou, por sua vez, que “o enfrentamento da mudança do clima passa, em primeiro lugar, pelo enfrentamento da pobreza e da desigualdade social”, uma vez que uma população com condições dignas de vida possui maior capacidade de adaptação.

A cidade de Campinas, que sediou o evento, foi a ganhadora do Prêmio Sasakawa das Nações Unidas para a Redução de Desastres. O Coordenador Regional da Defesa Civil da cidade, Sidnei Furtado, que representou a Defesa Civil da cidade no recebimento do prêmio, é também representante do escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres – UNDRR, provendo a campanha "Construindo Cidades Resilientes: Minha cidade está se preparando".

O encerramento do encontro contou com debate livre sobre futuro da adaptação nos municípios. Além disto, um dos resultados do II Fórum foi o lançamento da chamada Carta de Campinas, em que foi divulgada a preocupação e indignação com o “acelerado processo de retrocesso e desmonte da Política Nacional do Meio Ambiente”.

De acordo com documento, elaborado pela Associação dos Professores de Direito Ambiental do Brasil – APDAB, “tal desmonte vem ocorrendo pelas propostas de alteração de normativas, administrativas e legislativas, promovidas pelo atual Governo Federal, que ameaçam e comprometem a proteção do Meio Ambiente em nosso País, conforme destacado em diversas manifestações na abertura e durante o evento”.
Dia de Adaptação às Mudanças do Clima no Município
© Divvulgação / GIZ
Encontro aconteceu na cidade de Campinas
© Divulgação / GIZ
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