Câmara dos Deputados debate queimadas na região do Pantanal

julho, 10 2019

O assunto foi tema de audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável da Câmara dos Deputados (Cmads) realizada nesta terça-feira, 9.
 

 

Warner Bento Filho

 

O início da estação seca no Pantanal disparou alarmes quanto à ocorrência de incêndios no Bioma. A região, especialmente no estado do Mato Grosso do Sul, sofre com uma grande intensidade de focos de calor nesta época do ano, ainda que a tendência do uso do fogo, ao longo da última década, seja de queda.

O assunto foi tema de audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável da Câmara dos Deputados (Cmads) realizada nesta terça-feira, 9. A iniciativa é da deputada Bia Casvassa (PSDB-MS), que tem sua base na região de Corumbá (MS).

“Estamos nos aproximando da época do fogo, que prejudica milhares de espécies vegetais e animais, muitas delas exclusivas desse bioma”, lembrou a parlamentar. “O Pantanal é muito sensível ao fogo, que é nocivo não só para a fauna e a flora, mas também para a saúde humana. Os hospitais ficam lotados de pessoas com problemas respiratórios. No meio-ambiente, tudo está conectado”, disse.

Participaram da audiência representantes do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), Alberto Setzer; da Embrapa Pantanal, Balbina Soriano; do Centro de Pesquisa do Pantanal/UFMT, Gustavo Monzon Nunes; do Ibama/Prevfogo, Gabriel Constantino Zacharias; e do Observatório do Pantanal, Julio Sampaio, gerente do programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil.

Segundo Sampaio, cerca de 90% dos incêndios são provocados pelo homem, e não por fatores naturais. Julio também chamou atenção para o fato de que o município de Corumbá, que tem altos índices de incêndios florestais, é também o município com o maior rebanho bovino do estado de Mato Grosso do Sul. “O fogo vem sendo usado para manejar a terra. Se não for feito da maneira correta, acaba fugindo ao controle.  A implementação das estratégias de manejo integrado do fogo deve ser feita com base em dados, em informações”, disse. O gerente do programa Cerrado Pantanal lembrou também que a discussão sobre o uso do fogo está ligada à discussão sobre a Lei do Pantanal (PL 9950/2018), de autoria do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ). A proposta dispõe sobre a conservação e o uso sustentável do bioma.

Alberto Setzer, do Inpe, mostrou, com base em imagens de satélite, como vem se dando a tendência de redução no número de focos de calor, com picos nos anos com menor volume de chuvas. “Alguma coisa está sendo feita e está funcionando na região do Pantanal”, disse o pesquisador, acrescentando que quase a totalidade (cerca de 90%) dos casos ocorre no estado do Mato Grosso do Sul, ficando o restante, aproximadamente 10%, no estado vizinho de Mato Grosso. Para este ano, segundo Setzer, a previsão é de nova diminuição nos números, já que o prognóstico é de precipitações acima da média na região.

A pesquisadora da Embrapa Pantanal Balbina Soriano insistiu na necessidade de se avançar no campo da educação ambiental para evitar as queimadas. “Isso é fundamental”, disse. Gustavo Monzon Nunes, do Centro de Pesquisa do Pantanal, ligado à Universidade Federal do Mato Grosso, defendeu o manejo integrado do fogo, com os objetivos de proteger áreas de vegetação sensível ao fogo e estimular o ciclo reprodutivo das espécies, preservando a diversidade.

Em 2018, segundo Gabriel Zacharias, do Prevfogo, foram contratados 1.565 brigadistas em todo o país para operações de combate a incêndios florestais. Os custos com essas ações chegaram a R$ 4 milhões. Para Zacharias, o manejo integrado do fogo também seria uma solução. “Fogo zero não é o ideal. Só piora a situação. Nas terras indígenas, o manejo proporcionou aumento na produção de frutos e em maior resistência da vegetação, gerando segurança alimentar”, disse.

 

Julio Cesar, representando o WWF-Brasil em audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável da Câmara dos Deputados.
© WWF-Brasil
DOE AGORA
DOE AGORA