Nota de pesar pelo falecimento de Luiz Paulo Pinto

março, 15 2022

O WWF-Brasil lamenta profundamente sua partida tão prematura e se solidariza com sua família e amigos
O WWF-Brasil lamenta profundamente sua partida tão prematura e se solidariza com sua família e amigos

Por WWF-Brasil
 
Recebemos com pesar a notícia da morte do biólogo Luiz Paulo Pinto, que dedicou sua vida e sua trajetória acadêmica e profissional à conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Luiz Paulo – LP para quem o conhecia, realizou inúmeros projetos e trabalhou de forma incansável para o avanço do conhecimento, da ciência e da pesquisa sobre o bioma, do qual era grande defensor. O WWF-Brasil lamenta profundamente sua partida tão prematura e se solidariza com sua família e amigos.

Mestre em ecologia, conservação e manejo de vida silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Luiz Paulo dedicou mais de 25 anos de trabalho a organizações não-governamentais do setor ambiental e à formação de parcerias multissetoriais para a conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável.

Entre 1996 e 2014, Luiz Paulo atuou na Conservação Internacional, onde foi diretor e coordenador de projetos. Ao longo desse período, coordenou a Aliança para a Conservação da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e da Conservação Internacional.

Nesse período, contribuiu com a criação do Prêmio de Reportagem sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica, o Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica, workshops e apoio a diversos projetos, ONGs, proprietários de terras, Unidades de Conservação, Mosaicos e Corredores de Biodiversidade.

Entre outros projetos, deu uma contribuição importante ao Atlas da Mata Atlântica, uma colaboração entre a SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foi também coordenador do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos na Mata Atlântica, que investiu cerca de US$10 milhões em mais de 300 projetos de conservação em áreas chave do bioma.

Luiz Paulo teve um papel fundamental na criação de algumas unidades de conservação importantes da Mata Atlântica, como o Parque Nacional da Serra das Lontras e o Parque Estadual da Serra do Conduru, sul da Bahia; o Parque Estadual do Alto Cariri, Minas Gerais; o Parque Estadual dos Três Picos, Rio de Janeiro, além de dezenas de RPPNs.

Foi também o coordenador geral do subprojeto de identificação de áreas e ações prioritárias para conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e participou dos subprojetos da Amazônia, Caatinga e Cerrado, entre 1996 e 2001.

Apoiou diversos projetos para geração de informações sobre a biodiversidade brasileira e pesquisas sobre a ecologia e conservação de espécies ameaçadas de extinção, como o muriqui-do-norte.

Mais recentemente, Luiz Paulo estava participando do desenvolvimento da estratégia de investimentos para o Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos no Cerrado, e da avaliação da rede de unidades de conservação municipais da Mata Atlântica. Desde 2017 atuava como consultor em sua empresa Ambiental 44 Informações e Projetos em Biodiversidade, em Belo Horizonte (MG).

Em sua atuação como consultor, realizou um grande e importante levantamento sobre as Unidades de Conservação Municipais da Mata Atlântica, muitas delas invisíveis para a sociedade. Nos últimos anos, contribuiu com a SOS Mata Atlântica na produção de um relatório sobre os 30 anos de conservação da biodiversidade da Mata Atlântica com todo trabalho realizado desde o primeiro Plano de Ação para a Mata Atlântica até os dias de hoje - em grande parte sistematizado pelo próprio Luiz Paulo.

O legado que ele deixa vai além de suas contribuições para o campo socioambiental – era um colega atencioso, cuja escuta era tão valiosa quanto suas palavras e opiniões bem colocadas. Também era paciente e bem-humorado com colegas e amigos, exceção que se fazia apenas quando seu amado Cruzeiro não apresentava bons resultados dentro das quatro linhas. Deixa aos que conviveram com ele um exemplo não apenas de como realizar pesquisa sobre a Mata Atlântica, mas também sobre como tocar a vida.
Luto
© Divulgação
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