Rede WWF repudia possível massacre de Yanomamis

setembro, 04 2012

Recebemos com assombro e indignação a notícia sobre o possível massacre de cerca de dezenas de indígenas da etnia Yanomami, próximo da fronteira com o Brasil, como divulgada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiam).
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (COIAM), que reúne 13 organizações indígenas na Amazônia venezuelana, relata a ocorrência de um possível massacre de indígenas pertencentes à etnia yanomami. O ataque à comunidade Irotatheri na região do Orinoco, perto da fronteira entre Brasil e Venezuela, foi possivelmente realizado por garimpeiros brasileiros que dispararam contra os índios e atearam fogo à sua habitação coletiva. O documento com o relato pode ser baixado no link ao lado.

A Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF expressa abaixo apoio às organizações indígenas e indigenistas em seus apelos para que seja realizada uma investigação urgente, com transparência em relação à ocorrência.

Uma petição pedindo a investigação foi criada pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pode ser assinada aqui.

WWF Iniciativa Amazônia Viva
Brasília, 31 de agosto de 2012.

Nós, da Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF, recebemos com assombro e indignação, a notícia sobre o possível massacre de cerca de dezenas de indígenas da etnia Yanomami, próximo da fronteira com o Brasil, como divulgada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiam), entidade que congrega 13 organizações indígenas da Amazônia Venezuelana. 

A escalada de conflitos sociais decorrentes do garimpo é um dos mais graves problemas na Amazônia hoje. E ocorre em vários locais de vários países da Amazônia, mas parece que é particularmente delicada em algumas das fronteiras nacionais.

Essa não é uma situação nova, porém o aumento da atividade, muitas vezes ilegal, e degradante mesmo em situações “legalizadas”, tem piorado a situação de insegurança e violência para as sociedades locais, somando-se a isso os prejuízos ambientais decorrentes – assoreamento dos rios, contaminação por mercúrio, desmatamento, perda da biodiversidade, etc. São, portanto, problemas que já deveriam estar sendo tratados por parte dos governos amazônicos com a devida atenção e persistência e com ações mais efetivas para redução dos impactos negativos da atividade e solução dos conflitos sociais.

A crescente demanda nos mercados globais, e o consequente aumento nos preços, aliados à falta de políticas públicas efetivas de controle da atividade, tem incentivado uma nova corrida pelo ouro e outros minérios de alto valor, muito negativa para a Amazônia em geral, particularmente quando essa maior pressão ocorre sobre áreas menos devastadas da Amazônia, as áreas protegidas e terras indígenas.

A Rede WWF, por meio da Iniciativa Amazônia Viva (com as organizações e escritórios que a compõem), tem acompanhado a evolução e desdobramentos desta atividade – inclusive com a realização de diagnósticos e estudos ambientais, propostas de redução dos impactos, apelos aos governos para encerrar garimpos em áreas protegidas e terras indígenas, e identificou alto nível de tensão e violência na Guiana Francesa, Suriname, Peru, Brasil e, agora, novamente Venezuela, particularmente aguçada nas zonas de fronteira.

Com relação a terrível notícia sobre o possível massacre de Yanomamis, segundo documento da Coiam, a partir do relato de indígenas sobreviventes, o ataque à comunidade Irotatheri, em julho último, no município Alto Orinoco, área de fronteira entre Venezuela e Brasil, teria sido feito por garimpeiros brasileiros que dispararam contra indígenas e atearam fogo à casa coletiva.

O documento, disponível para download na nossa página web (ao lado) e de outras organizações que atuam nessa região e temas, também informa que as ameaças e agressões ocorrem desde 2009 e têm sido informadas a vários órgãos públicos da Venezuela, sem que tenham ocorrido ações para desalojar os garimpeiros da área ou coibir a violência.

Reiteramos nosso repúdio a qualquer ameaça ou ato violento contra indivíduos e comunidades indígenas da Amazônia e expressamos nosso apoio às organizações indígenas e indigenistas venezuelanas e brasileiras nos seus apelos por investigação e esclarecimentos urgentes sobre esse acontecimento, que se confirmado, merece nosso mais profundo pesar e solidariedade aos Yanomamis.

Claudio C. Maretti
Líder da Iniciativa Amazônia Viva
Rede WWF
A Rede WWF repudia qualquer ameaça ou ato violento contra indivíduos e comunidades indígenas da Amazônia
© Nigel Dickinson / WWF
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