Plano prevê ações para conservação da onça-pintada e da onça-parda

dezembro, 13 2016

Ações foram elaboradas para garantir as espécies vivas e seus ambientes naturais saudáveis
Por Letícia Campos

Aconteceu na última semana mais uma atualização do Plano de Ação Nacional (PAN) para a conservação de espécies ameaçadas de extinção; dessa vez a onça-pintada e a onça-parda. Na ocasião, o WWF-Brasil ajudou na identificação das principais ameaças, na elaboração dos objetivos geral e específicos, bem como na construção das ações prioritárias para garantir as espécies vivas e seus ambientes naturais saudáveis e, assim, protegê-las.

Um estudo publicado recentemente na revista Scientific Reports revelou que a população de onças-pintadas, também conhecidas como jaguares, está em declínio na Mata Atlântica. Menos de 300 onças estão presentes no bioma e suas populações encontram-se isoladas em apenas 3% do que resta de Mata Atlântica.

Somente no Parque Nacional (ParNa) do Iguaçu, a quantidade do maior felino do continente americano e maior predador terrestre do Brasil, caiu 90% nos últimos 20 anos. A perda de habitat e a sua fragmentação estão entre as principais causas para o declínio da espécie.

Segundo Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica & Marinho do WWF-Brasil, “o hábitat natural da onça pintada no bioma já perdeu 85% de sua vegetação natural, e apenas 7% permanece em boas condições para abrigar a espécie, o que põe o seu maior felino em risco de desaparecer”.

No entanto, ações de monitoramento, realizadas pela ONG Pró-Carnívoros em parceria com o WWF-Brasil, mostram fotos e vídeos de onças-pintadas no ParNa do Iguaçu com fortes evidências de que este cenário drástico esteja se invertendo e a população de onças possa estar se recuperando.

Para buscar melhorar esse cenário, Daniel Venturi, analista de conservação do Programa Mata Atlântica & Marinho, esteve presente na oficina e ajudou o grupo composto por mais de 50 representantes de instituições governamentais, de ONGs e cientistas a recomendar ações de monitoramento da onça-parda e a onça-pintada, de combate às ameaças diretas, de educação ambiental voltadas para a população que reside no entorno de áreas com presença das espécies, conscientização da sociedade em geral, entre outras estratégias. “O animal é um indicativo do equilíbrio ecológico dos ambientes onde habita. Se for extinto, as consequências para o meio ambiente serão enormes”, afirmou ele.

Apesar dos dados serem relativos à Mata Atlântica esta é a realidade de outros biomas como, por exemplo, o Cerrado. Júlio César Sampaio, do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, explica que “a perda de metade do Cerrado em razão do desmatamento para dar lugar a atividades agropecuárias é crítica para a sobrevivência do animal. Além da ausência do habitat natural, a espécie sofre com a caça predatória e de retaliação, que é hoje uma das principais ameaças para a população remanescente”.

O Plano de Ação Nacional para a conservação de Grandes Felinos tramitará agora na comissão técnica para validação e em no máximo seis meses o PAN será reconhecido oficialmente por meio de publicação no Diário Oficial. Em seguida, começa a ser implementado.

“Pela primeira vez o Plano envolveu um grupo tão heterogêneo de participantes, trazendo contribuições fundamentais na proteção da onça-pintada e da onça-parda para os próximos cinco anos”, disse Rogério Cunha, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio).

Para ele, outro diferencial foi que os dois PANs atualizados este ano - o de Canídeos e o de Grandes Felinos - englobou todas as espécies, que no passado eram avaliadas individualmente - lobo-guará (Chrysocyon brachyurus); cachorro-vinagre (Speothos venaticus); raposa-do-campo (Lycalopex vetulus) e cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas (Atelocynus microtis) e onça-pintada (Panthera onca) e onça-parda (Puma concolor). “Ao trabalhar as espécies juntas foi possível pensar nas ações de conservação de forma integrada, permitindo a otimização de recursos e esforços e a valorização daquelas que não são tão conhecidas pela população”, concluiu.

O evento aconteceu no período de 05 a 08 de dezembro, em Atibaia (SP).
Três Grupos de Trabalho foram formados para discutir as ameaças às onças-pintadas e onças-pardas e construir um plano de ações prioritárias para sua conservação
© Rogério Cunha/CENAP-ICMBio
O PAN para a conservação de Grandes Felinos deverá ser validado e em no máximo seis meses será reconhecido oficialmente por meio de publicação no Diário Oficial
© Rogério Cunha/CENAP-ICMBio
Um grupo composto por mais de 50 representantes de instituições governamentais, de ONGs e cientistas participaram da oficina
© Rogério Cunha/CENAP-ICMBio
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