O acordo de clima em Copenhague não é apenas possível. É absolutamente necessário

outubro, 30 2009

Na próxima semana (2 a 6/11), delegados de todos os países-membros da ONU estarão reunidos para a última rodada de negociações sobre o acordo global de clima, em Barcelona, antes da Conferência das Partes em Copenhague, em dezembro.
Cada dia de atraso na tomada de decisões corretas e concretas para deter as mudanças climáticas terá graves consequências para nós e as gerações futuras. Na próxima semana (2 a 6/11), delegados de todos os países-membros da ONU estarão reunidos para a última rodada de negociações sobre o acordo global de clima, em Barcelona, antes da Conferência das Partes em Copenhague, em dezembro. Eles precisam mostrar que progredir e selar um tratado climático justo, eficiente e ambicioso, não só é possível, como é crítico para o futuro do clima do planeta.

Nas últimas duas semanas, alguns líderes mundiais deram sinais de que o acordo climático não seria fechado em Copenhague. “Essas declarações são irresponsáveis e podem provocar um efeito dominó, levando um país após outro a diminuir o nível de ambição”, analisa Kim Carstensen, líder da Iniciativa Global de Clima da Rede WWF.

Líderes que não tomarem nenhuma ação serão responsáveis pelo caos climático, pelo enfraquecimento da autoridade das instituições públicas internacionais e, finalmente, pela perda de confiança dos seus eleitores em todo o mundo, que acreditam e esperam que essas negociações tenham um resultado ambicioso e com força de lei.

“Se não selarmos o acordo ambicioso e com força de lei, esta geração de chefes de Estado será lembrada como a que não fez nada para enfrentar o maior desafio de nossos tempos. Tenho certeza que nenhum dos líderes gostaria de ser lembrado dessa forma”, afirma.

A reunião dos negociadores em Barcelona será um teste decisivo para saber se eles receberam um mandato claro de seus governos para avançar rumo a um acordo em Copenhague com o potencial de salvar o mundo dos graves riscos que as mudanças climáticas representam. Uma evolução rápida nas negociações, com transparência e ambição sobre os fundamentos políticos do acordo nesta reunião, enviaria um forte sinal ao mundo de que sim, um acordo sobre o clima é possível.


No Brasil


Na semana passada, o WWF-Brasil enviou carta ao presidente Lula pedindo a ele que manifestasse publicamente aos líderes mundiais que é absolutamente inaceitável adiar as decisões que devem ser tomadas em Copenhague.

A carta agora conta com a assinatura de mais 37 entidades da sociedade civil e com o apoio da campanha TicTacTicTac, uma coalização global de ONGs, que pedem ao presidente e seus ministros que se conclamem todos os países a seguirem até Copenhagen com o objetivo de selar o acordo climático pelo qual o mundo espera.

“O presidente Lula ainda não respondeu ao pedido da sociedade civil. Sua voz será muito importante para chamar à responsabilidade os líderes mundiais por uma negociação séria e efetiva até o final da conferência em Copenhague”, afirma Carlos Rittl, coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil. “Esperamos que ele nos atenda até a próxima semana, quando se reúnirá com ministros para tratar de mudanças climáticas e da posição do Brasil nas negociações”, explica Rittl.

Além desta declaração pública do presidente, o WWF-Brasil espera do país um posicionamento forte em Copenhague, com apresentação do compromisso nacional de redução e controle de emissões de desmatamento e de todos os setores de nossa economia na próxima década.

“O Brasil e todos nós só temos a ganhar se nos comprometermos a transformar nosso país em uma economia de baixo carbono, com desenvolvimento econômico limpo e sustentável no longo prazo”, afirma Carlos Rittl.

“Esperamos que, neste momento de investida contra a legislação ambiental brasileira no Congresso Nacional, o governo brasileiro seja firme e coerente com o seu discurso na arena internacional de clima”, afirma Rittl, referindo-se a uma tentativa, nesta semana, de votação de um projeto de lei que altera o Código Florestal, permitindo que haja mais desmatamento legal no país.

“Como ficará a credibilidade do Brasil no cenário global se anunciamos metas de redução do desmatamento e, no âmbito legislativo, aprovarem-se leis que irão aumentar a destruição de nossas florestas?”, questiona Rittl.

“O presidente Lula tem que pedir a seus ministros e aliados que trabalhem juntos por um Brasil sustentável. Não podemos manter o padrão atual predatório e ineficiente de uso dos nossos ecossistemas naturais”, finaliza.


Atividades da Rede WWF para a mídia em Barcelona:

Seg 2 Nov: Foto oportunidade com a mensagem Vote pelo Planeta e principais demandas da Rede WWF.

Qua 4 Nov: Evento paralelo “Como planejar a transição para um economia de baixo carbono e resiliente no futuro?” das 19h45 às 21h15

Qui 5 Nov: Lançamento do relatório da Rede WWF que ranqueia políticas e medidas financiadas pela recuperação das economias durante a crise. Coletiva de imprensa às 11h com transmissão ao vivo pela internet.


Principais demandas da Rede WWF para o acordo de Copenhague:

1. Criar um esquema com força de lei, dentro do Protocolo de Quioto e relacionado com um novo protocolo de Copenhague
2. Manter o aquecimento global bem abaixo do limiar de 2 °C. Para isso, as emissões globais precisam começar a declinar antes de 2017
3. Os países industrializados precisam se comprometer a reduzir suas emissões em 40% até 2020, em comparação aos níveis de 1990
4. Os países em desenvolvimento precisam concordar em agir significativamente para que suas emissões fiquem menores em pelo menos 30% que a tendência atual de crescimento em 2020
5. Países com florestas tropicais precisam reduzir as emissões por desmatamento em 75% em 2020.
6. Acordo sobre um sistema de ação imediato para adaptação aos impactos das mudanças climáticas, especialmente para os países mais vulneráveis. Isso inclui financiamento de seguros especiais
7. Financiamento público na ordem de 160 bilhões de euros para países em desenvolvimento investirem em adaptação e redução de emissões
8. Um mecanismo para fortalecer a cooperação e transferência de tecnologia e incentivo à pesquisa, desenvolvimento e difusão de tecnologias de baixo carbono
9. Um novo conjunto institucional no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, permitindo coordenação, apoio e execução das decisões de forma transparente e democrática
10. Acordos com base no Protocolo de Quioto para temas específicos, tais como mercados de carbono, florestas e uso do solo
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