Nomeação de associado político sem experiência técnica para presidir ICMBio causa revolta

maio, 25 2018

A confirmação hoje (25) do nome de um associado político sem conhecimento de gestão ambiental para presidir o ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - gerou revolta entre movimentos da sociedade civil organizada.
Por WWF-Brasil
 
Brasília – A confirmação hoje (25) do nome de um associado político sem conhecimento de gestão socioambiental para presidir o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) gerou revolta na sociedade civil organizada.

Segundo o coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Michel Santos, quem ocupa um cargo público deve colocar a excelência de sua experiência à serviço da sociedade. “Ao nomear um associado do PROS sem nenhum conhecimento de gestão socioambiental para estar à frente de 333 Unidades de Conservação federais, o equivalente a 9% do território do Brasil, o governo faz uma aposta política irresponsável trazendo riscos ao bem-estar das populações locais e à defesa da biodiverdade do país”, afirma Santos.

O Ministério Público Federal ressalta que a nomeação do presidente do ICMBio deve atender “os requisitos mínimos de conhecimento técnico da área e experiência gerencial, como prevê a legislação brasileira.”

Para a SOS Mata Atlântica, o conjunto de Unidades de Conservação federais sob gestão do ICMBio “fornece água, protege contra acidentes naturais – como conter cheias e erosões – e contribui para melhorar o clima, além de oferecer espaços para turismo e lazer, contribuindo para movimentar a economia. Além disso, a vegetação protegida nas Unidades de Conservação evitou o lançamento de quase 3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera global. Os benefícios continuamente providos pelos ambientes naturais preservados ganham ainda mais importância em regiões densamente povoadas do país, como a Mata Atlântica. Essa formação natural alcança 17 estados e abriga sete em cada dez brasileiros.

Em nota, o Observatório do Clima cita a mobilização que funcionários do ICMBio já vinham realizando contra a nomeação do político Cairo Tavares, diretor da Fundação Ordem Social, ligada ao PROS e sócio de uma empresa de comércio varejista de bebidas em Valparaíso de Goiás, sem nenhuma experiência com gestão socioambiental. Segundo a coalizão de organizações que debatem mudanças climáticas, da qual o WWF-Brasil faz parte, a decisão “fragiliza ainda mais a proteção à natureza num momento em que as áreas protegidas se encontram sob ataque da bancada ruralista”.

A nomeação do novo presidente do ICMBio ainda não foi publicada no Diário Oficial. As várias manifestações da sociedade civil organizada esperam gerar pressão suficiente para mudar a decisão do governo.

 
Garotos pescando no rio Iriri, na reserva extrativista Riozinho do Anfrísio, Altamira, Pará.
Pesca no rio Iriri, na reserva extrativista Riozinho do Anfrísio, Altamira, Pará. Na Amazônia, redução do desmatamento em 37% se deve principalmente à criação de unidades de conservação.
© © WWF-Brazil / Clóvis Miranda
Criada em 1980, o Jaú é uma das mais antigas unidades de conservação da Amazônia
Criada em 1980, o Jaú é uma das mais antigas unidades de conservação da Amazônia
© Josângela Jesus / ICMBio
Reserva Extrativista do Rio Cajari (AP), uma das unidades de conservação apoiadas pelo Arpa
© Claudia Funi
Tartarugas são apenas alguns dos animais que serão protegidos com novas unidades de conservação marinhas brasileiras
© Georgina Goodwin/Shoot The Earth/WWF-UK
Tilha do Carmo no Parque Estadual Intervales, São Paulo.
No bioma Mata Atlântica, até junho de 2010, foram criadas quatro novas unidades de conservação e uma já existente teve sua extensão ampliada, ao todo 65 mil hectares.
© © WWF-Brazil / Adriano Gambarini
DOE AGORA
DOE AGORA