Pegada Ecológica integra feira ambiental de Campo Grande
junho, 28 2013
Quem visitou o estande da Pegada Ecológica, na feira, pôde fazer o cálculo, avaliar os impactos do seu consumo sobre os recursos naturais do planeta e obter informações sobre como reduzir esses impactos.
Por Geralda Magela(Campo Grande-MS) Pela terceira vez, a Pegada Ecológica é disseminada na Feira Ambiental de Campo Grande (MS). O evento, realizado pela prefeitura da capital sul-mato-grossense, de 26 a 29 de junho, é um espaço para a divulgação de iniciativas inovadoras na área de sustentabilidade ambiental.
Quem visitou o estande da Pegada Ecológica, na feira, pôde fazer o cálculo, avaliar os impactos do seu consumo sobre os recursos naturais do planeta e obter informações sobre como reduzir esses impactos.
Criada pela Global Footprint Network – GFN (rede mundial da Pegada Ecológica), a Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental, que permite avaliar a demanda humana por recursos naturais renováveis com a capacidade regenerativa do planeta. Para facilitar o entendimento do público, esse consumo é transformado em planetas.
Larissa Cristina Gomes dos Santos visitou o estande e aceitou o desafio de calcular a sua Pegada Ecológica. Ela nasceu perto do mar, em Natal (RN), mas há um ano vive em Campo Grande. Bióloga e professora de massagem, é adepta de um estilo de vida sustentável. Quase não consome carne (prefere peixe) e como não tem carro, usa mais o transporte público e caronas com os amigos para se locomover.
Ela conta que consome pouco e prefere comprar roupas e calçados usados em brechós. Com uma Pegada Ecológica de um planeta, Larissa pode ser um bom exemplo de consumo responsável. Ela considerou o resultado bom, mas acredita que ainda pode corrigir algumas coisas. “Quero voltar a usar mais a bicicleta”, diz.
A também bióloga e estudante de mestrado, Carolina Ferraz Bellodi, foi conhecer as novidades na área de produtos e soluções sustentáveis da feira e também fez o cálculo. A média foi de dois planetas. Para ela, o item que mais pesou foi o consumo de carne. “Uso muito o transporte público, mas não consigo fazer uma refeição sem carne. Sinto como se faltasse alguma coisa”, confessou. Mas garantiu que agora vai se esforçar para reduzir um pouco esse consumo.
Os hábitos de consumo de Carolina são bem parecidos com a média do campo-grandense. Em 2010, o WWF-Brasil realizou, com a prefeitura e parceiros locais, o estudo da Pegada Ecológica de Campo Grande, primeira cidade brasileira a ter esse cálculo. Os resultados revelaram uma Pegada Ecológica média de 3,14 hectares globais por pessoa, que podem ser traduzidos em 1,7 planeta. E o item que mais pesou foi o de alimentação, principalmente o consumo de carne.
O estudo da Pegada Ecológica de Campo Grande foi um passo importante para trabalhar a questão do consumo nas cidades. A partir desse trabalho, foi criado um grupo gestor, responsável pelas ações de mobilização e de mitigação (redução de impactos). A participação em feiras como esta é uma das estratégias desse trabalho.
A intenção do WWF-Brasil de fazer esse trabalho nas cidades deve-se à constatação de que a mudança de comportamento do cidadão é importante, mas não é suficiente. Para a redução desses impactos é fundamental que os governos desenvolvam políticas públicas para estimular o consumo responsável. As empresas também são importantes, pois cabe a elas oferecer produtos de melhor procedência aos seus consumidores.
Políticas públicas
A existência ou não de uma política pública pode fazer toda a diferença. O publicitário Carlos Diehl é um exemplo disso. Adepto de práticas sustentáveis, ele conta que não come carne todo dia e cultiva os temperos que consome em vasos, no próprio apartamento. Mas como trabalha a onze quilômetros de casa, ainda usava muito o carro.
Na semana passada, tomou uma atitude importante. Decidiu passar a ir de bicicleta para o trabalho duas vezes na semana e as outras três usando o transporte público. “Por enquanto, até ganhar condicionamento físico, pois pretendo passar a ir só de bicicleta”, explica.
Mas a decisão só foi possível depois da ampliação da ciclovia em uma das principais avenidas de Campo Grande, a Afonso Pena. “Com a ciclovia, só pego um quilômetro de rua. Então não tenho que enfrentar o trânsito perigoso”, afirma. De acordo com ele, ir pedalando para o trabalho traz também outros benefícios. “Economizo com combustível e melhoro minha saúde”, diz o publicitário. A atitude se reflete na sua Pegada Ecológica, que ficou em 1,1 planeta.
Resultados
O trabalho de mobilização e as ações de redução de impactos são realizados com o apoio do Grupo Gestor da Pegada Ecológica de Campo Grande. O grupo é composto por representantes do WWF- Brasil, Secretaria Municipal de Educação, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (FMS), Universidade Católica Dom Bosco, Instituto de Permacultura, Coletivo Jovem- Kairós e Rede de Economia Solidária.
“Nesses dois anos, foram capacitamos 500 professores (45% da rede municipal) com a ferramenta da Pegada Ecológica”, ressalta a analista de Conservação do WWF-Brasil, Terezinha Martins. A experiência também foi apresentada em duas edições da Mostra de Soluções Sustentáveis, em Campo Grande, e no VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, em Salvador (BA).
Também está em andamento o projeto que prevê a implantação de onze escolas sustentáveis, apoiadas pelo WWF-Brasil na rede municipal de Campo Grande. Esse projeto, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC) com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Universidade do Mato Grosso (UFMT), tem por objetivo estimular a produção de espaços educadores e sustentáveis nas escolas públicas. O comitê gestor está acompanhando a implantação do projeto, cuja conclusão está prevista para agosto.
A iniciativa também se reflexe em reconhecimento. Em maio de 2012, o WWF-Brasil recebeu o prêmio Ecologia e Ambientalismo da Câmara Municipal de Campo Grande devido ao trabalho realizado com o cálculo da Pegada Ecológica.
A experiência de Campo Grande também despertou o interesse de São Paulo e o cálculo da Pegada Ecológica foi feito para a cidade e o estado de São Paulo. O resultado foi lançado pelo WWF-Brasil e pelos governos de São Paulo na Rio+20.
Ensino à distância
A Pegada Ecológica também está sendo utilizada no meio acadêmico. Nesta quinta-feira (28), por exemplo, Terezinha Martins deu uma palestra sobre o tema na Semana de Biologia da UFMS.
Na palestra, com a participação de cerca de cem alunos da universidade, ela apresentou os resultados do estudo realizado pelo WWF-Brasil e parceiros com o cálculo da Pegada de Campo Grande. A palestra foi gravada e será utilizada no curso de educação à distância da universidade.
Feira Ambiental
A Feira Ambiental de Campo Grande continua hoje e amanhã, de 14h às 22h, no Armazém Cultural.
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