© ODAIR LEAL / WWF-BRASIL

Combate ao desmatamento e às queimadas no foco

Equipamentos doados pelo WW-Brasil fortalecerão o trabalho técnico-científico do Ministério Público do Estado do Acre

17 dezembro de 2020  

Efeitos do desmonte da política ambiental brasileira promovido pelo governo Jair Bolsonaro vêm sendo mitigados graças à atuação de instituições independentes dos poderes da República. Um bom exemplo é o MP/AC (Ministério Público do Estado do Acre), cujo trabalho tem se mostrado essencial para cobrar das autoridades locais medidas de contenção do avanço do desmatamento e das queimadas.

Nos meses críticos de estiagem, por exemplo, a população tem sido obrigada a respirar fumaça. Já que, desde 2019, o Estado tem apresentado crescimento recorde de queimadas. Para medir os impactos dessa questão, o MP mantém uma central de monitoramento da qualidade do ar em cada um dos 22 municípios acrianos. Foi esse trabalho que mostrou que, em 2020, os mais de 400 mil moradores da capital, Rio Branco, respiraram, durante 46 dias, ar com concentração de material particulado (PM 2,5) acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. 

Para reforçar a atuação do Ministério Público em suas medidas práticas e processuais em defesa do meio ambiente e da população, o WWF-Brasil doou ao órgão equipamentos de tecnologia que somam R$ 89.042,19. Entre eles estão computadores, drone, tablets, aparelhos GPS, rádios comunicadores e câmeras fotográficas que ajudarão no trabalho de campo realizado pelos servidores da instituição.

A entrega dos equipamentos ocorreu na tarde desta quarta-feira, 16 de dezembro, na sede do Ministério Público, com a participação da procuradora-geral de Justiça, Kátia Rejane de Araújo Rodrigues. De acordo com ela, o emprego da tecnologia representa um grande avanço nas ações de fiscalização ambiental, permitindo que as informações levantadas sejam armazenadas com segurança e em tempo real. 

“A nossa gratidão eterna a esses parceiros que acreditam no nosso trabalho, que nos veem como a instituição que tem credibilidade junto à população. É uma doação que vai qualificar ainda mais o nosso trabalho. Todos os equipamentos doados serão usados em prol da população não só do Acre, pois quando você tem uma ação que melhora, que visa uma melhoria para o meio ambiente, impacta em outros estados do país”, ressaltou a procuradora-geral. 

“Esses equipamentos irão nos auxiliar a identificar a ocorrência de riscos ou infração ao meio ambiente, em relação às provas da materialidade do crime, um trabalho que, dentro do Ministério Público, é feito pelo nosso Núcleo de Apoio Técnico, a quem esse aparato tecnológico será imprescindível para combater a criminalidade no estado”, ressaltou a procuradora Rita de Cássia Nogueira, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural e Habitação e Urbanismo. 

“O WWF-Brasil parabeniza a atuação do Ministério Público do Estado do Acre na liderança e articulação de instituições que avaliam o desmatamento, queimadas e clima no Acre. O MP tem desempenhado papel relevante não só para a sociedade acriana, mas para toda a Amazônia”, destacou Rocio Chacchi Ruiz, coordenadora de Conservação do WWF-Brasil. 

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 2020 foi o ano mais crítico em registro de fogo no Acre na última década. De janeiro até agora, foram detectados 9.188 focos de queimadas; elevação de 35% quando comparado ao mesmo período de 2019. Por outro lado, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) aponta crescimento de 91% no desmatamento no Estado – de 235 km2 entre agosto e novembro de 2019 para 450 km2 no mesmo período deste ano.

Parceria com a UFAC

Além do MP/AC, o WWF-Brasil doou equipamentos para o Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (Labgma), da Universidade Federal do Acre (Ufac): um computador com avançada configuração tecnológica, que permite um melhor processamento de dados e imagens de satélite, e uma câmera fotográfica de alta resolução.   

“Esses equipamentos vão dar maior aporte tecnológico, pois têm boa capacidade de processamento e vão permitir que a gente tenha maior capacidade para fazer as análises científicas de arquivos mais pesados, como processamento de imagens de satélite”, afirma Sonaira Silva, coordenadora do Labgma e professora da Ufac no Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul. 

Quanto à câmera fotográfica, Sonaira destaca que será usada para fazer o registro de queimadas em campo, conforme forem detectadas pelos satélites, além de as imagens serem usadas para a produção de artigos científicos e campanhas de conscientização da sociedade. Os dados do Labgma reforçam os números do Inpe sobre 2020 ser o ano mais crítico em registro de queimadas no Acre. O total de cicatrizes de queimadas entre julho e 7 de novembro deste ano é de 265 mil hectares - quantidade 39% maior do que o observado no mesmo período de 2019.