© André Dib/WWF-Brasil

 

 

Apoio para formação e estruturação de brigadas de combate a queimadas

Chamada do Fundo Casa dará auxílio a projetos de 50 organizações em três biomas; WWF-Brasil participa da iniciativa com investimento de R$ 210 mil em brigadas na Amazônia

 

26 abril  de 2021   

Em parceria com o Fundo Casa, o WWF-Brasil ajudará a estruturar e fortalecer sete brigadas comunitárias de combate ao fogo na Amazônia. Em 2020, as queimadas fora de controle no Brasil chamaram a atenção do mundo e os incêndios destruíram vastas áreas naturais em diferentes biomas. Para evitar que isso se repita, o Fundo Casa lançou no dia 20 de abril uma chamada para projetos com foco no fortalecimento de brigadas na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal – os biomas que mais sofreram com o fogo no ano passado.
 
Aberto até o dia 20 de maio para inscrições de organizações interessadas, o edital de Apoio a Grupos de Base no Enfrentamento de Emergências Climáticas Provocadas a partir dos Incêndios Florestais tem o valor total de R$ 1,5 milhão para até 50 projetos de até R$ 30 mil cada. O WWF-Brasil, que é um dos parceiros do projeto, investirá R$ 210 mil em sete projetos que serão selecionados pelo edital especificamente para organizações que atuam na Amazônia.

De acordo com Osvaldo Barassi Gajardo, especialista em Conservação do WWF-Brasil, a organização participa de todo o processo, desde a preparação do edital até a aprovação e implementação das propostas. "A chamada é uma construção coletiva e os recursos do WWF-Brasil apoiarão cerca de sete organizações da Amazônia. Esse apoio vai na linha do trabalho que temos desenvolvido desde 2019, na preparação de organizações de base para a prevenção e combate aos incêndios florestais", afirmou.

De acordo com a diretora-executiva do Fundo Casa, Cristina Orphêo, “os projetos de resposta rápida são voltados para comunidades que muitas vezes são de difícil acesso, com baixa cobertura de internet e que envolvem pessoas em situação de vulnerabilidade. Por isso, fazemos todo um estudo para saber onde estão as lacunas que devem ser preenchidas e fazer esses recursos chegarem a quem realmente precisa".

Poderão apresentar projetos para a chamada as comunidades tradicionais e rurais –indígenas, quilombolas, pesqueiras e ribeirinhas, camponesas, de agricultura familiar e comunidades impactadas por barragens e mineração– suas organizações e movimentos, e organizações socioambientais de base que tenham orçamento anual de até R$ 150 mil.
 
Também poderão apresentar projetos organizações e redes trabalhando em colaboração para enfrentar os impactos dos incêndios e organizações estratégicas em territórios que integrem redes de combate e prevenção aos incêndios. Cada uma poderá apresentar somente um projeto elegendo apenas uma das linhas temáticas oferecidas.

As linhas temáticas prioritárias para os projetos, afirma Cristina, incluem: "Estruturação e Fortalecimento das Brigadas", que envolve capacitar e equipar brigadas já existentes, ou formação de novas brigadas comunitárias, "Apoios a ações comunitárias", por meio de ações de prevenção e sensibilização contra os incêndios, "Manejo integrado do fogo", com atividades de capacitação para prevenção, monitoramento e controle de incêndio dentro de áreas protegidas, e "Mobilização/engajamento e denúncias", envolvendo ações que permitam mobilizar e engajar mais pessoas na prevenção e combate aos incêndios.

"Tanto o recorte territorial, como o recorte de populações prioritárias a serem atendidas foram definidos com base nos territórios que mais sofreram com os incêndios em 2020. Os estudos prévios e um intenso debate com nossos parceiros nos indicaram que precisaríamos apoiar cerca de 50 grupos nesses territórios", explicou Cristina.

Segundo ela, em 2020, outras chamadas lançadas pelo Fundo Casa já se dedicavam a apoiar comunidades no contexto de segurança alimentar e do enfrentamento à Covid-19. "No segundo semestre, com as queimadas fora de controle, começamos a receber uma forte demanda de apoio para brigadas de incêndio e para a recuperação de áreas queimadas. Isso nos motivou a lançar o novo edital em 2021", disse.

Apenas no mês de agosto de 2020, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Brasil registrou mais de 1 milhão de focos de incêndios, sendo os principais territórios atingidos: Amazônia (59,9%), Cerrado (18,6%) e Pantanal (15,8%). No caso da Amazônia, o aumento do desmatamento resultou em incêndios intensos, especialmente em terras públicas. 

O número de queimadas na Amazônia brasileira atingiu a maior alta em 13 anos no mês de junho de 2020, início da estação seca. Em julho do mesmo ano, foram detectados 6.803 focos no bioma, 28% a mais que no mesmo período de 2019.

O edital é também uma maneira de fortalecer organizações que estão nos territórios atingidos pelas queimadas, estimulando o trabalho das comunidades no manejo integrado e na prevenção do fogo. "O objetivo da chamada é fortalecer essas comunidades que muitas vezes são o primeiro agente de enfrentamento aos incêndios florestais. É importante que essas populações tenham uma articulação comunitária, porque são as primeiras a enfrentar o fogo e são as mais prejudicadas -é a vida delas que está em jogo ali", afirmou Cristina.