setembro, 09 2025
Mauricio Voivodic, Diretor-Executivo do WWF-Brasil
O ano de 2024 foi marcado por eventos climáticos extremos e grandes desafios —mas também por conquistas importantes. Estivemos em diversas frentes: da parceria com ribeirinhos amazônicos à mobilização contra leis que ameaçam nossos biomas, sempre junto a organizações locais na Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e oceanos.
Celebramos a retomada do protagonismo do Brasil na agenda ambiental internacional, com destaque nas COPs de Clima e Biodiversidade. No G20, o governo ressaltou o papel das florestas e dos povos indígenas e tradicionais no enfrentamento da crise climática e defendeu novos mecanismos de financiamento. Um deles, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, foi citado na declaração final após articulação do WWF-Brasil em conjunto com a sociedade civil.
Atuamos ainda para a aprovação de temas-chave na COP16, como a integração entre biodiversidade e clima. Essa presença intensa nos eventos socioambientais prepara o terreno para a COP30, em novembro de 2025, na capital paraense.
Em Brasília, reforçamos a incidência política, trabalhando no Congresso e no STF contra retrocessos como o fim da Moratória da Soja — uma das iniciativas mais eficazes contra o desmatamento — e a tese do Marco Temporal, que restringe o direito à terra aos povos indígenas que a ocupavam ou disputavam em 1988, ano da promulgação da Constituição.
Nossa atuação nos biomas, em parceria com atores locais, se intensificou. No Cerrado, o WWF-Brasil fortaleceu 64 organizações e ofereceu suporte técnico à produção de mais de 13 mil toneladas de produtos da sociobiodiversidade por 4.472 famílias, contribuindo para a conservação de mais de 1,6 milhão de hectares em Áreas Protegidas (AP), Terras Indígenas (TI), Quilombos e Assentamentos. Também temos assumido a liderança na governança e articulação em ações de restauração.
Na Amazônia, também ao lado de organizações do território, oferecemos suporte técnico à produção de mais de 36,5 toneladas de borracha nativa e andiroba por 171 famílias, contribuindo para conservar 19.917.927 hectares em APs e Tis em Rondônia, Amazonas e na Bacia do Tapajós. Criamos ainda uma plataforma para monitorar a temperatura de 23 lagos, ajudando a evitar tragédias como a morte em massa de animais aquáticos, como os botos.
As parcerias estratégicas com o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Rede Trinacional da Mata Atlântica, Fundação Renova e Programa Reflorestar viabilizaram a restauração indireta de 28.844 hectares neste que é o bioma mais fragmentado do país.
Já no Pantanal, em julho, um estudo inédito feito a pedido do WWF-Brasil revelou que o bioma viveria uma crise hídrica histórica em 2024. Levantamentos como esse são importantes para ajudar a prever problemas e antecipar soluções nos territórios — o que, em um mundo com eventos climáticos extremos mais frequentes, será cada vez mais decisivo.
Em 2025, com a volta do protagonismo brasileiro na agenda ambiental, damos sequência, junto a nossos parceiros, a esse trabalho pela construção de uma sociedade mais saudável e uma economia mais sustentável, capaz de favorecer a conservação da biodiversidade e reduzir os impactos da crise climática.
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