O Papel dos Veículos Elétricos na Economia Limpa
outubro, 30 2017
WWF-Brasil lança estudo com destaque para vantagens dos elétricos e híbridos e recomendações para políticas públicas
Os veículos elétricos são a principal tendência da área de transporte no mundo todo. França e Reino Unido anunciaram recentemente que a partir de 2040 não permitirão mais a venda de veículos a combustão, por entenderem que a queima de combustíveis fósseis, que gera os chamados gases de feito de estufa, vai contra a busca por uma economia mais limpa. Em 2016, as vendas mundiais de elétricos atingiram 750 mil unidades. A China foi o maior mercado, com 336 mil novos carros elétricos. Em seguida, vieram Europa e EUA, com 215 mil e 160 mil carros respectivamente.No Brasil, a incorporação de veículos elétricos – que engloba tanto os carros pequenos, que utilizam bateria, quanto os conectados à rede elétrica, tais como trólebus e VLTs - ainda é ínfima. Alguns defensores do etanol alegam que a disseminação dos elétricos no país prejudicaria o mercado de combustíveis à base de cana, uma tecnologia em que o Brasil é o principal expoente no planeta. O que acontece, no entanto, é que os veículos elétricos, além de poluírem menos, serem mais silenciosos, econômicos e possuírem melhor desempenho do que os modelos convencionais, podem ser usados de forma complementar aos de combustão por etanol, por meio de motores híbridos.
Essa e outras análises estão no novo documento lançado pelo WWF-Brasil: O papel dos veículos elétricos na economia limpa. De acordo com o estudo, veículos elétricos – sejam eles 100% elétricos ou híbridos - são mais eficientes, econômicos e menos poluentes do que um tradicional, dotado de motor a combustão interna.
“Por terem menos partes móveis e não sofrerem o desgaste causado pelo sistema de combustão, os carros elétricos geram cerca de 28% menos custos de manutenção”, comenta o analista de conservação do WWF-Brasil, Ricardo Fujii. Segundo ele, os custos de reabastecimento também são muito inferiores, cerca de metade de um veículo abastecido com etanol ou gasolina. “Além disso, ele é mais silencioso e possui mais torque que um veículo convencional, especialmente nas arrancadas”, acrescenta Fujii.
O estudo também destaca que a adoção de veículos elétricos junto com o uso de etanol em veículos flex pode contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Uma das análises citadas na publicação mostra que o aumento em 10% da frota de veículos elétricos no estado de São Paulo reduziria o total estadual de emissões em 1,3%, sem provocar impactos significativos na demanda por eletricidade (apenas 2% a mais). Pensando de forma nacional, caso a circulação de veículos elétricos no Brasil alcance ¼ do total da frota de veículos de passeio até 2030, a redução de emissões seria de 30 milhões de toneladas CO2.
“Isso equivale a 2,5% da meta de emissões com a qual o Brasil se comprometeu no Acordo de Paris”, comenta o coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur.
Atualmente, há dois grandes obstáculos para a adoção de veículos elétricos no Brasil: o alto custo de aquisição e a ausência de infraestrutura de recarga. Para Nahur, essas questões só seriam resolvidas com estímulo à produção local e diminuição de impostos, como IPI e IPVA, entre outras ações (ver lista completa abaixo).
“Com as condições atuais, os carros elétricos ou híbridos são inacessíveis para a maioria da população. A diminuição de encargos para produção e venda e a incorporação de outros benefícios pode alavancar o mercado de elétricos, promover novos negócios, incentivar a produção nacional e ainda beneficiar o clima do planeta”, conclui Nahur, lembrando que hoje, veículos elétricos e híbridos estão isentos do rodízio em São Paulo.