WWF-Brasil e Instituto Ethos lançam estudo sobre financiamento para adaptação climática
outubro, 03 2017
São 20 fundos nacionais e 28 internacionais disponíveis para empresas brasileiras
A mudança do clima é um dos desafios mais complexos deste século e nenhum país está imune. Seus efeitos já podem ser sentidos em várias áreas, tais como infraestrutura, saúde, segurança alimentar, biodiversidade e muitos outros. Para o setor privado, adaptar-se às mudanças do clima significa aumentar a resiliência dos negócios, limitando perdas na qualidade e quantidade de produtos e serviços, e criar novas oportunidades, aproveitando a demanda de produtos, serviços e mercados para gerenciar riscos e ganhar competitividade.É por entender a importância da adaptação às mudanças climáticas e do papel do setor privado nesta área que o WWF-Brasil e o Instituto Ethos lançaram o estudo Financiamento Climático para Adaptação no Brasil: mapeamento de fundos nacionais e internacionais, desenvolvido pelo WRI-Brasil.
O material analisa como as empresas estão se preparando para as alterações do clima, enfatiza as vantagens econômicas e ambientais de um planejamento climático e traz um mapeamento inédito com as principais fontes de financiamento. Junto com o estudo, foi lançado um folder com as principais descobertas. Ao todo, são 28 fundos internacionais e 20 fundos nacionais com possibilidades de investimento para empresas brasileiras em ações de adaptação.
De acordo com o coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, o setor privado tem um papel fundamental na implementação das metas do Acordo de Paris, mas ainda há pouco conhecimento sobre oportunidades e financiamento para adaptação.
“Os efeitos das mudanças do clima, tais como secas, inundações e outros, causam bilhões de reais de perdas para o país. Mapear os diferentes fundos existentes disponíveis foi o primeiro passo. Agora, precisamos de bons projetos para a adaptação, que nos permitam aumentar a resiliência às mudanças do clima e, assim, garantir a efetividade do setor”, comenta.
Para se ter uma ideia, em 2013, os 749 pontos de alagamento na cidade de São Paulo geraram R$ 762 milhões de perdas em escala nacional, principalmente nas indústrias de municípios e regiões adjacentes. Já as chuvas de Santa Catarina em 2008 provocaram uma despesa de R$ 4,75 bilhões para o estado.
O estudo ressalta que a projeção para os efeitos futuros da mudança do clima é algo que deve entrar em todo planejamento, seja de um governo ou de uma empresa, e pode representar novas oportunidades, como por exemplo, a criação de produtos inovadores que respondam a esses desafios. Apesar disso, apenas 37,5% das organizações entrevistadas disseram possuir um plano para vulnerabilidade climática.
Atualmente, não existe uma única estimativa de quanto será o custo total para a adaptação à mudança do clima. Segundo o Banco Mundial (2010), países em desenvolvimento deverão realizar um investimento de US$ 70 bi até US$ 100 bi por ano, durante 2010 a 2050. Já o estudo mais citado sobre o assunto, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em 2016, calcula um valor de US$ 140 bi a US$ 300 bi até 2030 e de US$ 280 bi a US$ 500 bi até 2050.
Em relação ao financiamento climático global, apenas 6% foi alocado para ações de adaptação, sendo que a maior parte deste recurso entre 2013 e 2016 foi para a África Subsaariana (36%), seguida do Leste Asiático e Pacífico (16%), A América Latina ficou com apenas 12% do total, à frente somente de Europa e Ásia Central, com 6%. “É um enorme espaço que temos para avançar”, finaliza Nahur.