Seminário discute alternativas de energia elétrica para o País

novembro, 08 2007

Enquanto a cúpula da produção de energia elétrica se reunia com o presidente Lula, em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética, para buscar uma solução para a crise do gás natural, especialistas de ONGs, governo e iniciativa privada davam início ao Seminário “Consumo e Produção Sustentável de Energia Elétrica no Brasil”.
A secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, abriu hoje o Seminário "Consumo e Produção Sustentável de Energia Elétrica no Brasil", realizado no Auditório do Interlegis, no Senado Federal, defendendo a diversificação da matriz elétrica brasileira, com base em um modelo mais sustentável. Em seu discurso de abertura, Hamú destacou o momento de crise relacionado à oferta de gás natural para a produção de energia elétrica. “Acredito que este seminário vem em um momento bastante oportuno e nos remete a uma reflexão sobre a urgência e a necessidade do planejamento a longo prazo para o setor”, disse a secretária.

O evento foi realizado pela Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas e a Frente Parlamentar Ambientalista, com apoio do WWF-Brasil. O deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), presidente da Comissão se disse agradavelmente surpreso com a contribuição que as ONGs ambientalistas vêm trazendo para o debate e destacou a capacidade de colaboração do WWF-Brasil. “Buscar soluções para o setor elétrico é mais importante que a compreensão de governos, setores ou interesses políticos”, avaliou o deputado.

O principal objetivo do evento foi ressaltar as potencialidades e identificar oportunidades e barreiras para a produção de energia renovável não-convencional e eficiência energética no país, com enfoque nas mudanças climáticas.

Dilema brasileiro – No mundo, o setor de energia é responsável por 37% de todas as emissões de gás carbônico, o que representa 23 bilhões de toneladas de CO2 lançadas por ano na atmosfera, ou seja, mais de 700 toneladas por segundo. Esse percentual coloca o setor de energia em primeiro lugar como emissor de gases de efeito estufa.

Neste contexto, o Brasil encontra-se em 18º lugar no planeta em emissões. Entretanto país é o quarto maior emissor mundial de gases causadores do aquecimento global quando a destruição das florestas entra na conta.

Por enquanto, a matriz energética brasileira é considerada uma das mais limpas do planeta. Atualmente, 75% da energia elétrica gerada no país vêm de hidrelétricas. Contudo, as termelétricas movidas a gás e petróleo têm ganhado espaço nos recentes leilões nacionais de energia. Se o Brasil optar por seguir o modelo energético das nações industrializadas, considerado mais poluente, o país contribuirá para agravar para os problemas relacionados às mudanças climáticas na Terra.

Para Telma Krug, secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil encontra-se em uma posição confortável, já que a poluição causada pelo setor energético não é significativa. Entretanto, ela ressalta que é preciso um esforço não só do Brasil, mas de todas as nações para estabilizar as emissões.

“As alterações no regime de chuvas, causadas pelas mudanças climáticas podem afetar diretamente a produção das hidrelétricas, e isto impõe uma preocupação com eficiência energética e o desenvolvimento de energias alternativas”, alertou Krug, uma das cientistas que contribuiram para o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

Marco legal – O propositor do Seminário e coordenador do grupo de trabalho sobre mudanças climáticas da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Rocha Loures (PMDB-PR) informou que o resultado do seminário será um documento que fará parte do relatório da Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas. “O relatório será um marco legal, proposto pelo Congresso Nacional para o combate às mudanças climáticas no Brasil”.

O deputado propôs uma campanha pela economia de energia elétrica, lembrando que, em 2001, durante o chamado “Apagão”, a população brasileira foi chamada a racionar energia elétrica e esse esforço ajudou a reverter o quadro crítico daquele momento. Ele destacou que o atual modelo de consumo, no Brasil e no mundo, é insustentável.

Uma contribuição ao debate – Em setembro de 2006, o WWF-Brasil e parceiros lançaram a Agenda Elétrica Sustentável 2020, um estudo de cenários para um setor elétrico brasileiro eficiente, seguro e competitivo. O relatório aponta que as técnicas de eficiência energética têm o potencial de reduzir em até 38% a demanda por eletricidade até 2020, e juntamente com a expansão de energias renováveis não-convencionais – como biomassa, eólica e termosolar –, podem representar uma economia de R$ 33 bilhões para o bolso dos cidadãos brasileiros.

Além disso, o estudo afirma que é possível o Brasil continuar investindo em energias limpas e reverter a tendência de crescimento de termelétricas baseadas na queima de combustíveis fósseis, sem prejudicar seus objetivos de desenvolvimento sustentável e crescimento.
A secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, abriu o Seminário "Consumo e Produção Sustentável de Energia Elétrica no Brasil
© WWF-Brasil/Luís Fernandes
"Acredito que este seminário vem num momento bastante oportuno e nos remete a uma reflexão sobre a urgência e a necessidade de planejamento a longo prazo para o setor."
© WWF-Brasil/Luiz Fernandes
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