Fim da expedição, início de uma nova jornada...

novembro, 13 2008

A Expedição Mariuá-Jauaperi chega ao fim. No trajeto de Novo Airão a Manaus, a equipe fez uma reunião final de avaliação, durante a qual todos os presentes reafirmaram o compromisso em continuar a luta pela criação da Reserva Extrativista Baixo Rio Branco-Jauaperi.
Por Ana Cíntia Guazzelli

Antes das 17h, o Comandante Quadros II aportou em Manaus. Por mais de uma hora e meia descarregamos o barco, no píer do Tropical Hotel. Era o fim da Expedição Mariuá-Jauaperi e o início de uma jornada árdua de trabalho conjunto. A certeza de que estávamos todos literalmente no mesmo barco se confirmou durante a reunião final de avaliação realizada durante o trajeto da cidade de Novo Airão, onde amanhecemos, a Manaus, destino final. Nela, todos os presentes reafirmaram o compromisso em continuar a luta pela criação da Reserva Extrativista Baixo Rio Branco-Jauaperi.

O representante da Associação dos Artesãos do Rio Jauaperi (AARJ), Rozan Dias da Silva, disse que a Expedição Mariuá-Jauaperi reacendeu a luz que já estava prestes a se apagar, referindo-se às parcerias firmadas com WWF-Brasil, Instituto Socioambiental (ISA) e Fundação Vitória Amazônica (FVA), instituições que integram a Rede Rio Negro e agora apóiam o processo de criação da Resex. Ele quis saber sobre os próximos passos a serem dados a favor do Movimento Pró-Resex e afirmou que os comunitários que apóiam a Resex do Baixo Rio Branco-Jauaperi esperam ansiosos por algum posicionamento governamental.

Já o presidente da Associação dos Agro-extrativistas do Baixo Rio Branco e Rio Jauaperi (Ecoex), Francisco Mendes Félix, de 70 anos, mais conhecido como Chico Caetano, que teve sua casa incendiada em setembro deste ano, disse que com a realização das reuniões em todas as comunidades que compõem a área proposta para a criação da Resex e com o envolvimento direto de outras instituições na criação da Resex do Baixo Rio Branco-Jauaperi, ele está ainda mais confiante e disposto a trabalhar para que esta unidade de conservação seja criada com a maior brevidade possível.

A única equipe de pesquisa da segunda fase da expedição era composta pelos arqueólogos Pedro Teixeira e Raoni Valle, que tinham o objetivo de fazer o registro dos sítios arqueológicos encontrados na região. Superando as expectativas, eles registraram a existência de 18 sítios arqueológicos na área percorrida entre a boca do rio Jauaperi e a comunidade de Xixuaú, confirmando a suspeita de que a área é prioritária para a conservação.

Esta certeza já tinha Carlos Dantas, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que acompanha de perto o processo de criação da Resex. Ele afirmou que a presença de novos atores no processo de criação da reserva extrativista fortalece o movimento, agradeceu o empenho e a parceria das instituições presentes e colocou-se à disposição para esclarecimentos eventuais de dúvidas que possam surgir.

Para Samuel Tararan, coordenador geral da expedição, os objetivos foram cumpridos. Ele garantiu que não medirá esforços para contribuir para a criação da Resex Baixo Rio Branco-Jauaperi.

A emoção por ter tido a oportunidade de conhecer e conviver com pessoas tão especiais, dispostas a lutar por seus pedaços de terra amazônica, com a intenção de protegerem animais, plantas e pessoas que ali vivem, supera o cansaço físico por tantas horas seguidas de trabalho diário. Não duvido de que este é o meu caminho e, assim como o Sr. Valdemar, que arrisca diariamente sua vida para defender a reprodução dos quelônios que procuram a praia da Mariquinha para desovar, eu e meus companheiros de trabalho, Robson Maia e Zig Koch tentamos, humildemente, por meio dos relatos e imagens, ser porta vozes desse povo, que na maioria das vezes não encontra espaço para falar por si mesmo.
Equipe se reúne no barco para avaliar expedição
© WWF-Brasil / Zig Koch
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