Operadores apontam sugestões de melhoria para o setor florestal no Amazonas

05 dezembro 2013

Seminário ocorrido em Manaus reuniu 24 organizações interessadas no assunto
A criação de um programa de compras públicas de madeira legal para obras e serviços de engenharia do estado; o fortalecimento de associações locais; e a criação ou adequação de linhas de crédito e financiamento para pequenos produtores foram algumas das sugestões dadas por representantes do setor madeireiro do Amazonas para impulsionar e fortalecer a cadeia de valor deste recurso. 

Essas propostas, entre muitas outras, foram listadas durante os três dias do seminário Diagnóstico das Cadeias de Valor da Madeira no Estado do Amazonas, realizado em Manaus (AM) na semana passada. Cerca de 40 pessoas participaram da programação, reunindo 24 organizações de sete municípios do Amazonas. 

O evento apresentou os resultados de cinco oficinas, realizadas ao longo de 2013, que identificaram os problemas e oportunidades do setor florestal em cinco cidades amazonenses – Apuí, Tefé, Lábrea, Boa Vista do Ramos e Manacapuru. 
 
Fórum de discussão

Além de apresentar os resultados dessas oficinas, o seminário também serviu como um grande fórum, formado por diversos atores sociais interessados em discutir ideias e sugestões de melhoria do setor. 
O produto final deste fórum será encaminhado aos órgãos públicos responsáveis a fim de ajudar no fortalecimento da cadeia de valor da madeira no Amazonas.

Estiveram presentes no seminário extratores de madeira, proprietários de pequenas serrarias, marcenarias, movelarias, pecuaristas, consultores, produtores familiares, representantes de prefeituras, pesquisadores e órgãos de fomento. 

O seminário foi promovido pelo WWF-Brasil e pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), com apoio da GIZ e da Secretaria Adjunta de Florestas e Extrativismo do Governo do Estado (Seafe/SDS). 

Sugestões de melhoria

Um dos resultados finais deste trabalho foi a compilação, ao fim do evento, de uma série de sugestões de melhoria para posterior encaminhamento aos órgãos responsáveis. No total, foram colocadas 49 sugestões, divididas em 20 estratégias diferentes. 

Para monitorar  a viabilização e implementação dessas sugestões foi criado um grupo de trabalho, formado inicialmente pelo WWF-Brasil, Idam, Prefeitura de Apuí, Prefeitura de Lábrea, e a Associação de Moveleiros e Madeireiros de Manacapuru. 

As análises foram feitas levando-se em consideração quatro elos da cadeia de valor da madeira: insumos, produção primária, transformação e comercialização. De acordo com o diagnóstico feito durante o seminário, grande parte dos entraves está nos dois primeiros elos desta cadeia, mostrando onde deve ser feito um esforço significativo para "destravar" o processo de fortalecimento do setor.

Os participantes apontaram ainda a escassez de madeira legal, a regularização fundiária deficiente, o licenciamento demorado e as dificuldades de assistência técnica como grandes problemas.
 
Ponto de partida

De acordo com o analista de conservação do WWF-Brasil, Marcelo Cortez, essas sugestões são apenas um ponto de partida para um trabalho maior, que deve resultar em uma mobilização mais intensa do setor junto ao poder público.

“Temos a missão de, nos próximos meses, elaborar melhor essas sugestões e transformá-las em propostas viáveis, em políticas públicas que possam ser implantadas e monitoradas. E depois colocar isso para o poder público, entendendo que elas são a visão dos operadores desta cadeia de valor, das pessoas que estão na base extraindo, produzindo e beneficiando madeira”, explicou o especialista.

Por meio de sua presidente, Neiva Souza, a Associação dos Moveleiros e Extratores de Jutaí (Amej) também esteve presente no seminário. A organização existe desde 2006, conta com 120 associados no município situado a 523 quilômetros de Manaus – e possui, hoje, quatro planos de manejo para extração de madeira que já estão em operação. Ela conta que, para organizações como a que ela preside, este tipo de evento é importantíssimo.

“Eventos como esse são fundamentais. Você não estrutura a cadeia de valor da madeira com uma ou duas instituições; é preciso que várias delas se mobilizem e estejam engajadas neste processo”, disse Neiva.

Impulsionar a cadeia

A chefe do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Florestal do Idam, Nadiele Pacheco, afirmou que, por meio de seus escritórios regionais - encontrados em quase todos os municípios do interior do Amazonas - o órgão tem feito esforços no sentido de replicar as boas práticas encontradas nas comunidades e distritos nos quais atua.

“Tenho certeza de que este seminário é mais um elemento que vem para somar nesta busca por estruturar e impulsionar a cadeia produtiva da madeira”, disse a engenheira florestal.
 
O seminário é parte de um projeto mais amplo, é intitulado “Governança Florestal e Comércio Sustentável da Madeira Amazônica” que tem como objetivo contribuir para que o manejo florestal e o comércio da madeira ocorram de forma sustentável até o ano de 2020. Para isso, o projeto busca implementar, junto aos órgãos públicos responsáveis, políticas e procedimentos que regulem a produção e comércio deste recurso.
A mesa de abertura do evento foi composta por várias autoridades do Estado do Amazonas
A mesa de abertura do evento foi composta por várias autoridades do Estado do Amazonas
© WWF-Brasil/ Jorge Eduardo Dantas
O evento contou com grupos de trabalho que discutiram temas específicos
O evento contou com grupos de trabalho que discutiram temas específicos
© WWF-Brasil / Jorge Eduardo Dantas
O setor florestal pode vir a ser uma importante fonte de recursos para o Amazonas
O setor florestal pode vir a ser uma importante fonte de recursos para o Amazonas
© WWF-Brasil/ Frederico Brandão
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