outubro, 15 2025
Por WWF-Brasil
O segundo dia do Ocupa Panda, evento promovido pelo WWF-Brasil como preparação para a COP30, foi encerrado com a exibição do curta documental “Ponto de Não Retorno da Amazônia”, lançado em novembro de 2024 na Câmara dos Deputados. Após a sessão, um debate reuniu especialistas para discutir os impactos do desmatamento e da degradação florestal sobre o bioma, as populações locais e o clima — e refletir sobre possíveis soluções para frear a destruição.
O filme reúne vozes de cientistas, lideranças indígenas e coletores de sementes que vivem na Amazônia e alertam para a gravidade do cenário atual. Cerca de 17% da floresta já foi completamente desmatada e uma área equivalente está degradada, de acordo com o Relatório Planeta Vivo 2024, do WWF. Caso a destruição alcance entre 20% e 25%, destacam pesquisadores, a Amazônia pode atingir o chamado “ponto de não retorno” — um estágio em que o bioma perde a capacidade de se regenerar naturalmente e de manter serviços ecossistêmicos fundamentais para o planeta, como a captura de carbono, a regulação climática e a manutenção do regime de chuvas.
O debate foi mediado por Solange Azevedo, especialista em Engajamento e líder de Conteúdo do WWF-Brasil, e contou com a participação de Helga Correa, bióloga e líder de Ciências da organização, e Andressa Neves, gestora ambiental e analista de Conservação.
“O ponto de não retorno é feito de uma sequência de eventos que levam a floresta a não conseguir se sustentar mais. A existência de um evento fortalece o próximo, contribuindo para uma progressiva degradação”, destacou Helga.
Solange destacou que, caso esse limite seja ultrapassado, cerca de 47 milhões de pessoas que vivem na Amazônia serão diretamente impactadas, incluindo 511 povos indígenas. Ela também lembrou que o bioma abriga 10% da biodiversidade mundial. “Não se trata apenas de um problema ambiental, é também um problema social, econômico e de sobrevivência global”, disse.
Trazendo uma mensagem de esperança, Andressa reforçou que as mesmas atividades humanas que exercem pressão sobre o bioma também têm o potencial de mudar essa trajetória. “Se o humano pressiona, ele pode fazer a descompressão. Mas com outros tipos de atividades, como as que nós, do WWF-Brasil, apoiamos, como o uso sustentável da biodiversidade, que não é uma atividade econômica, mas um modo de vida”, destacou.
Helga concluiu com um apelo por mais apoio às populações tradicionais da floresta e aos projetos que tornam viáveis suas atividades econômicas sustentáveis: “O mundo precisa reconhecer o papel dessas pessoas. Ao promover a permanência dessas pessoas em seus territórios, com autogestão e seus saberes e protagonismos respeitados, podemos ajudar e reverter esse quadro atual.”
Ao fim da conversa, o público assistiu ao trailer do novo curta documental do WWF-Brasil, com lançamento previsto para novembro, durante a COP30: “Ponto de Virada da Amazônia”, que destaca ações sustentáveis — como as citadas por Andressa — como caminhos possíveis para o futuro do bioma.
Helga Correa, especialista em Conservação do WWF-Brasil
“Quando há desmatamento, menos chuva vai para a floresta, menos plantas nascem e ela fica mais suscetível a incêndios. Ponto de não retorno é quando a gente perde mais de 20% da cobertura florestal. E estamos nos aproximando cada vez mais dele.”
Andressa Neves, analista de Conservação do WWF-Brasil
“As secas vão ser mais longas e severas. Nesses anos de seca (2023/2024), não houve produção de castanha. As atividades econômicas sustentáveis da floresta acabam sendo impactadas também pelos eventos extremos.”
O WWF-Brasil tem o compromisso de contribuir para a construção de um futuro sustentável, em que o país avance rumo à neutralidade de emissões, com sua biodiversidade conservada e impulsionado por um modelo de desenvolvimento justo, inclusivo e responsável. Nossa estratégia está estruturada em quatro pilares:
- Zerar o desmatamento e fomentar Soluções Baseadas na Natureza.
- Fortalecer a conservação da biodiversidade.
- Proteger direitos e promover o bem-estar de povos e comunidades tradicionais.
- Promover um desenvolvimento de baixo impacto.